Segurança da Zara do BarraShopping, Henrique Bernardes, responderá pelo crime de racismoReprodução
TJ aceita denúncia de racismo contra segurança da Zara que impediu jogador de sair da loja
No dia 18 de junho, Guilherme Quintino afirmou ter sido vítima de discriminação na unidade do BarraShopping e obrigado a mostrar onde estavam as peças que havia desistido de comprar
Rio - A Justiça aceitou, nesta quarta-feira (22), a denúncia do Ministério Público do Rio (MPRJ) contra o segurança da Zara Henrique Durães Bernardes, acusado pelo crime de racismo. Segundo o MPRJ, no dia 18 de junho, o jogador de futebol Guilherme Quintino foi impedido de sair da loja do BarraShopping, na Zona Oeste, e obrigado a mostrar onde estavam as peças que havia desistido de comprar.
Assinada pelo juiz Tiago Fernandes de Barros, a decisão afirma que a denúncia do MPRJ contém a "exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias". Por isso, o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ) instaurou uma ação penal e Henrique Bernardes deve responder, por escrito, a acusação em até 10 dias.
Naquele 18 de junho, o jogador estava acompanhado de sua namorada, Juliana Ferreira, e afirmou ter sido abordado de forma ríspida pelo segurança. "Saindo da loja de mãos vazias, sem nenhuma sacola, o segurança me fez retornar para mostrar onde eu havia deixado a ecobag com as peças que eu desisti de comprar", contou Guilherme.
O caso foi registrado na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que concluiu as investigações em outubro e também indiciou o segurança. Na denúncia, o MPRJ ainda pediu à Justiça a suspensão do funcionamento da unidade da Zara por três meses.
À época, o jogador Guilherme Quintino disse ao DIA que o episódio mexeu com seus familiares. "Eu fiquei muito chateado e minha família ficou bem abalada com tudo o que aconteceu. Fiquei constrangido e com a cabeça a mil. Agora estou mais tranquilo, focado na minha vida profissional e na minha carreira. Espero que a Justiça seja feita e ninguém mais passe por isso. É inaceitável uma pessoa ser discriminada pela cor e forma de se vestir".
O promotor de Justiça Alexandre Themístocles afirma que não restam dúvidas que o segurança praticou discriminação racial. "Ao se voltar contra a pessoa de raça negra, sem qualquer justificativa plausível e dando-lhe tratamento constrangedor e humilhante, o denunciado impôs ao consumidor restrições de locomoção e exigências desarrazoadas".
No dia 11 de julho, o DIA procurou a Zara e a empresa informou que "a abordagem relatada não é prática da companhia, bem como não reflete seu posicionamento e não admite qualquer ato de discriminação".
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