Caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC)Reginaldo Pimenta / Agencia O Dia

Rio - As armas dos policiais militares envolvidos na ação que terminou na morte de Eberson Luiz Santos da Silva, na Vila Kennedy, Zona Oeste do Rio, neste sábado (25), foram apreendidas pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC).
De acordo com a Polícia Civil, os agentes já prestaram depoimento na especializada. A investigação segue em andamento para esclarecer todos os fatos.
A Polícia Militar também abriu um procedimento interno para apurar a circunstância da morte do morador. Neste sábado (25), a corporação informou que agentes do 14º BPM (Bangu) realizavam patrulhamento na Rua Viúva Guerreiro, quando foi atacada a tiros por criminosos. Ainda segundo a nota divulgada pela PM, os policiais revidaram e houve confronto.
Depois que a troca de tiros terminou, os policiais encontraram Eberson ferido. Ele foi socorrido e levado para o Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, ainda na Zona Oeste, mas, segundo a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), ele já chegou morto na unidade.
A morte do morador gerou um protesto que interditou as duas pistas da Avenida Brasil. Pedaços de madeira, pneus e outros materiais foram incendiados nas pistas para bloquear a passagem de veículos. O fluxo só foi liberado em um dos sentidos por volta das 20h. 
Nas redes sociais, um amigo de Eberson escreveu que o homem é apenas mais uma vítima da guerra que acontece no Rio de Janeiro.
"Ele era trabalhador. É mais uma vítima que sucumbe na comunidade em uma guerra que não é nossa. Até quando? Só queremos paz e isso não é pedir demais", lamentou o homem em uma página dedicada à comunidade da Vila Kennedy, no Facebook.
Morte em protesto
A DHC também investiga as circunstâncias da morte do jovem Guilherme Santos de Carvalho, de 18 anos. Ele levou um tiro durante o protesto dos moradores na Avenida Brasil. Segundo a PM, um policial militar, que estava de folga e passava pela região, disse ter sido abordado por um homem na via. Ao ser questionado pelos policiais, o militar alegou ter sido "vítima de uma tentativa de assalto e que teria efetuado um disparo." Amigos e familiares de Guilherme contestam a versão.
Neste domingo (26), a assessoria de imprensa da Polícia Civil divulgou que o autor do disparo foi ouvido e teve a arma apreendida para perícia. Buscas estão em andamento para esclarecer todos os fatos, informou, ainda a corporação.
Parentes e amigos de Guilherme, que trabalhava como auxiliar de mecânico numa oficina no Jardim Bangu, também na Zona Oeste, contaram que o jovem apenas participava do protesto contra a violência na Vila Kennedy. Duas irmãs, uma tia e o patrão do jovem estiveram, na manhã deste domingo (26), no Instituto Médico Legal Afrânio Peixoto, no Centro, para reconhecer o corpo.
"Era um garoto trabalhador. Amado pela família e muito responsável. Estava trabalhando horas antes, até às 16h lá com a gente", afirmou Rodolfo Moreira, amigo e dono da oficina de motocicletas onde Guilherme trabalhava desde os 14 anos.

Ainda segundo relatos, o jovem teria saído de casa para comprar fraldas para a filha, de 1 ano, quando decidiu participar do ato em decorrência da morte do morador Eberson Luiz Santos da Silva.
"Tenho certeza que ele [Guilherme] não era criminoso e que não faria nada. Muito menos assaltar. Não tem como ele ter feito isso. A única coisa que ficamos sabendo que ele fez, foi colocar uma camisa no rosto durante o protesto, assim como outros fizeram, mas isso não justifica", pontuou Rodolfo.
A ocorrência inicialmente ficou a cargo da 34ª DP (Bangu). A PM informou que vai acompanhar as investigações.