Passista Alessandra dos Santos ganha prótese para colocar no lugar do braço esquerdoReprodução/Redes sociais
Passista que teve braço amputado após cirurgia para retirada de miomas ganha prótese; veja vídeo
Alessandra dos Santos Silva, de 35 anos, está em fase de adaptação e conseguiu retornar para os ensaios da Grande Rio
Rio - A passista da Grande Rio, Alessandra dos Santos Silva, de 35 anos, realizou os primeiros testes para a colocação de uma prótese (veja o vídeo abaixo) no lugar do braço esquerdo amputado, nesta segunda-feira (27). Alessandra passou pela amputação em fevereiro deste ano após ser submetida a uma cirurgia para retirada de miomas no Hospital da Mulher Heloneida Studart, em São João de Meriti, na Baixada Fluminense.
Em um vídeo publicado em suas redes sociais, a passista comemorou a nova fase e apareceu treinando os comandos do equipamento ao lado de um médico. Ela também agradeceu à diretoria da Grande Rio pela prótese, doada pela agremiação. "Venho aqui dividir um dos dias mais importantes da minha vida, só tenho a agradecer a Deus, ao meu sagrado e ao meu presidente de honra. Sem eles nada disso seria possível", escreveu. Veja o vídeo!
Segundo a passista, a próxima etapa é a colocação definitiva da prótese pronta.
Superação
Em fase de adaptação, Alessandra já retornou à quadra da Tricolor de Caxias em junho deste ano. No retorno dela, a passista foi recebida no ensaio com festa por membros da escola de samba e surpreendida pelo mestre de bateria Fabricio Machado, mais conhecido como Fafá, que a conduziu para sambar na frente da bateria da agremiação.
Alessandra, que exercia a profissão de cabeleireira, lembrou dos dias em que não tinha esperanças de retornar à passarela do samba. "Saber que para quem estava internada meses atrás, cheia de pontos, sem pensar em nada mais na vida. Agora eu consigo ver que posso continuar a vida normalmente, dentro do possível. Só a profissão de cabeleireira que não posso mais exercer, mas pelo menos o samba continuou", ressaltou.
Em abril, a passista ainda sofria para tentar se adaptar à nova condição. Com 1,83 de altura, Alessandra não estava conseguindo andar sem apoio. O caso continua em investigação na 64ª DP (São João de Meriti). O Conselho Regional de Medicina do Estado do Rio (Cremerj) também abriu uma sindicância para apurar os fatos narrados, mas ainda não houve avanço no caso.
Relembre o caso
Em 2 de fevereiro deste ano, a trancista se internou no Hospital da Mulher e foi feita uma nova transfusão sanguínea pré-operatória. A paciente também precisou assinar um termo de consentimento, depois que a equipe médica esclareceu sobre a complexidade do procedimento. A cirurgia teve início às 14h do dia seguinte, e a retirada dos miomas preservava o útero, ovários e trompas, para respeitar o desejo de Alessandra de engravidar.
No início da madrugada do dia 4, as primeiras complicações clínicas apareceram e, segundo a pasta, à 0h10, a passista foi submetida a um novo procedimento para conter um sangramento no local da cirurgia e acabou fazendo uma histerectomia, que é a retirada do útero. Após a operação, a mulher foi internada na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para continuidade do tratamento do choque hemorrágico, quando foram administradas altas doses de aminas vasoativas.
Segundo a Secretaria, "um dos possíveis efeitos adversos desta medicação é a oclusão vaso arterial, que leva à redução do fluxo sanguíneo, podendo levar à necrose das extremidades do corpo". Às 14h do mesmo dia, ela passou pelo terceiro procedimento para investigação de um possível novo sangramento, em função da piora clínica do quadro, com hipotensão grave. Após a cirurgia, a passista voltou para UTI em estado grave.
No dia 5, foi observado que as extremidades do corpo de Alessandra estavam frias e arroxeadas, momento em que equipe enfaixou os membros da paciente para melhorar a circulação sanguínea. Também foi realizado um doppler (ultrassom que mede a quantidade de fluxo sanguíneo através das artérias e veias) que constatou obstrução arterial no braço esquerdo. Ela foi estabilizada e transferida para o Instituto Estadual de Cardiologia (Iecac), em Botafogo, na Zona Sul do Rio, que é referência em cirurgias cardiológicas e vasculares.
O hospital afirmou na época que a gravidade do quadro de saúde e a transferência foram informados para a família da trancista. No Iecac, em 6 de fevereiro, ela passou por mais um procedimento, dessa vez para desobstrução das artérias. Em seguida, ela foi levada para o Centro de Terapia Intensiva (CTI) em estado grave, tendo evoluído para insuficiência hepática e renal e distúrbio de coagulação grave. No dia 10, com ela ainda com quadro grave e sedada, parentes foram comunicados de que a amputação parcial do membro superior esquerdo era necessária "a fim de preservar a vida de Alessandra".
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