Passista Serginho do Pandeiro é sepultado no Cemitério Vertical Memorial do Rio, na Zona NorteCléber Mendes/Agência O Dia

Rio - O passista Sérgio Murilo Rosa, mais conhecido como Serginho do Pandeiro, uma das figuras mais carismáticas e marcantes do carnaval, foi sepultado sob homenagens no Cemitério Vertical Memorial do Rio, em Cordovil, Zona Norte, na tarde desta sexta-feira (1º). O sambista, que era diabético, sofreu uma parada cardiorrespiratória na manhã desta quinta-feira (30), e morreu na UPA de Sarapuí, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
A morte do passista, considerado ícone dos desfiles da Mangueira, levou dezenas de pessoas, entre elas grandes amigos do samba, ao cemitério para a última despedida. Integrantes da Mangueira, Acadêmicos do Grande Rio e da Unidos de Vila Maria, escola de samba do Grupo Especial do Carnaval de São Paulo, chegaram para o velório, que iniciou às 13h30 desta sexta-feira (1º). Familiares também vestiram uma camisa com um texto e a frase: "Saudade eterna".
Adilson José de Souza, presidente da Unidos de Vila Maria, lembra que conheceu Serginho há dez anos e desde então criaram um grande vínculo de amizade. "Ele era um conselheiro de gestão para a nossa escola, trouxe bastante alegria durante esses anos. Sempre muito querido, a alegria dele irradiava, além da espontaneidade", disse Adilson, que viajou de São Paulo ao Rio de Janeiro para dar o último adeus ao amigo. "Eu vim representando a escola e para deixar claro o quanto ele era estimado, querido e respeitado por todos", completou o presidente.
Cristiano Bara, ex-carnavalesco da Unidos de Vila Maria, e atualmente carnavalesco da escola de Escola Inocentes de Belford Roxo, tradicional na Baixada Fluminense, também foi ao sepultamento do sambista. Ao DIA, Cristiano Bara definiu o amigo como sendo a "raiz do carnaval". "Nos conhecemos na Vila Maria, ele participava de toda a estrutura da escola, atuava como um conselheiro mesmo. Foi um verdadeiro ícone do carnaval, contagiava todo mundo com o seu sorriso grande. Vai fazer muita falta para o mundo do samba, ele era a raiz do carnaval", disse.
Serginho chegou na Verde e Rosa no Carnaval de 1989, "Trinca de Reis", e entrou para a história como um dos sambistas mais talentosos a passar na Sapucaí por causa da habilidade nos passos e nos malabarismos que fazia com o pandeiro. Era sempre muito aguardado no alto do último carro alegórico do desfile, encantando o público. O premiado passista também se apresentava em shows pelo mundo afora.
O fato do passista estar sempre viajando para o exterior para representar a cultura do carnaval acabou o afastando fisicamente da família. O irmão de Serginho, Amílcar Rosa, mais conhecido como MC Amilcka, autor do sucesso musical "Som de Preto", lembrou que a última vez que viu o irmão foi no carnaval deste ano, mas que a distância não mudou o carinho e admiração por ele. 
"Meu irmão foi uma figura carismática, começou cedo na vida artística. A primeira vez que se apresentou foi com um grupo criado pelo nosso pai. Era o "Mica e seus garotos", um grupo composto pelo nosso pai, dois tios e o Serginho, que na época tinha apenas cinco anos", lembra MC Amilcka. O irmão do passista conta que ele ensaiava malabarismo com lata de goiabada e iniciou a carreira trabalhando em várias casas de show.
"Ele viajou o mundo inteiro levando a cultura para o mundo, foram anos encantando o público e só fazendo coisas boas, com alegria. Hoje vivemos um momento muito triste", lamentou o MC. 
Liesa e Mangueira repercutem perda
Elmo José dos Santos, diretor de Carnaval da Liesa e ex-presidente da Mangueira, falou sobre a morte de Serginho do Pandeiro na quinta-feira (30). "A Mangueira perde um grande fruto da sua árvore. Uma pessoa que não era nascida e criada no morro da Mangueira, mas que defendia com unhas e dentes. Hoje, a Mangueira chora muito essa perda. Com certeza, o time aqui de baixo enfraqueceu, mas o de lá de cima foi fortalecido", declarou.
"A Mangueira, em nome da presidenta Guanayra Firmino e sua diretoria, lamenta a morte e deseja força para família e os amigos neste momento. Serginho do Pandeiro brilhará sempre no céu verde e rosa", publicou a agremiação nas redes sociais.
*Colaboração de Cléber Mendes