Aline Heloísa Lima Santos, de 38 anos, morreu no dia 22 de novembro após complicações de uma lipoaspiraçãoReprodução

Rio - A Polícia Civil investiga a morte de uma mulher ocorrida no mês de novembro, em São Gonçalo, na Região Metropolitana do Rio, após uma lipoaspiração realizada pela cirurgiã Geysa Leal Corrêa. Ela responde a outros processos envolvendo mortes em decorrência de erros médicos, incluindo uma condenação.
No dia 13 de novembro, Aline Heloísa Lima Santos, de 38 anos, foi submetida a uma cirurgia com Geysa, em uma clínica particular de São Gonçalo. Um dia após o procedimento a mulher começou a se sentir dores e foi internada em uma unidade de saúde do município.
Aline morreu no dia 22 de novembro. Ela teria tido o intestino perfurado durante a cirurgia, gerando uma infecção generalizada, que culminou na sua morte. A lipoaspiração teria contribuído significativamente para a morte da paciente.
Segundo a Polícia Civil, o caso é investigado pela 72ª DP (São Gonçalo). Os envolvidos já foram intimados a prestar esclarecimentos na delegacia. Os agentes também requisitaram laudos periciais e exames, para análise, em busca de esclarecer o caso.
Procurado, o advogado Lymark Kamaroff, que representa a médica, disse que não há nexo de causalidade entre a intercorrência sofrida pela paciente e atuação de Geysa. Segundo a defesa, Aline fez todos os exames pré-operatórios e não foi identificada contraindicação para o procedimento. Kamaroff lamentou a morte da mulher e destacou como uma "fatalidade".
"Infelizmente intercorrências cirúrgicas podem ocorrer. Ao que consta, a paciente foi vitimada por uma fatalidade, que nada tem haver com qualquer falha da profissional, mas que maiores detalhes só poderão ser fornecidos, quando tivermos mais informações sobre o caso", destacou.
Relembre outros processos
Geysa foi acusada de erro médico e de ter provocado a morte da advogada Silvia de Oliveira Martins, de 40 anos, em setembro deste ano. A paciente sofreu complicações, após fazer uma lipoaspiração HD na clínica da médica em Laranjeiras, Zona Sul do Rio. A declaração de óbito indicou que a causa da morte foi um "choque hemorrágico, devido a um tromboembolismo pulmonar, em razão de lipoaspiração recente".
O caso foi registrado na 42ª DP (Recreio dos Bandeirantes). Na época da denúncia, o filho de Silviia, Pedro Cayo Costa, destacou que resolveu registrar o caso em busca de Justiça.
"A minha família só quer Justiça por tudo que aconteceu. A gente não sabe o caso concreto de tudo, mas a minha mãe chegou em casa bem e fez a cirurgia bem. Nesse momento, só queremos Justiça mesmo. Saber sobre o caso e de início é isso", disse.
Pelas redes sociais, a médica se pronunciou sobre o assunto. Em sua defesa, Geysa alegou que a morte de Silvia foi um "fato médico" e não tem relação direta com a cirurgia em si. Segundo a cirurgiã, a lipoaspiração ocorreu sem intercorrência e a paciente recebeu acompanhamento até depois do procedimento.
"Muitas pessoas estão pedindo a minha versão. Não existe versão. O fato ocorrido foi claro. Foi realizada a lipo com toda segurança, como deve ser, sem intercorrências. Eu falei com ela a última vez está fazendo uma semana exatamente. Ela estava rindo, sem dor, sem queixa nenhuma. Teve alta normalmente no dia seguinte. Sinais vitais normais. Horas depois, ela apresentou um quadro de embolia pulmonar. Foi hospitalizada e até por volta das 23h ela estava estável. Eu só não fui lá porque era muito longe, à noite e não dependia do meu atendimento. Ela estava em um dos melhores hospitais, com especialistas no assunto. Ela teve uma complicação neste tratamento, que é o choque hemorrágico. Esse é o fato. É um fato médico. Não tem versão, não tem interpretação. O que tem versão, me desculpe, é fofoca. É disse me disse. Isso não. São fatos comprovados em exames, em todas as formas possíveis de serem comprovadas", destacou.
Em 2022, Geysa foi condenada a dois anos de prisão pelo homicídio culposo pela morte da pedagoga Adriana Ferreira Capitão Pinto, de 41 anos, ocorrida em 2018, após uma lipoaspiração feita em uma clínica em Niterói, na Região Metropolitana do Rio.
Segundo a denúncia do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ), a médica, que possuía especialidade em otorrinolaringologia na época, "deixou de observar o dever objetivo de cuidado que lhe era exigível e, agindo com inobservância das regras técnicas de profissão, com manifesta imperícia e negligência, deu causa à morte de Adriana".
A juíza Juliana Bessa Ferraz Krykhtine condenou a médica a dois anos de prisão, mas substituiu a sua detenção com duas penas restritivas de direito, sendo uma com prestação de serviços à comunidade de uma hora por dia de condenação, e outra pelo pagamento de um salário-mínimo vigente à época da morte. A médica ainda pode recorrer junto ao Supremo Tribunal Federal (STF).