Casa na região do Bracuí tomada por um mar de lama; temporal deixou dois mortos e mais de 300 desabrigadosReprodução / Arquivo Pessoal

Rio - O temporal que atingiu Angra dos Reis, especialmente a região do Bracuí, deixou dois mortos, mais de 300 desabrigados e centenas de casas destruídas. A chuva, que começou na noite desta sexta-feira (8) e a maré cheia provocaram a inundação do rio Bracuí, um dos mais importantes da cidade. O episódio será lembrado pelos moradores como uma cena de filme de terror.

A Prefeitura de Angra dos Reis decretou situação de emergência por conta da destruição causada pelas fortes chuvas. Nesse período, o município fica autorizado a convocar voluntários para reforçar as ações de resposta ao desastre, realizar campanhas de arrecadação de recursos junto à comunidade e autorizar agentes da Defesa Civil a entrarem em casas para prestar socorro ou determinar a pronta evacuação.
A administradora Cristiana de Paula, de 36 anos, teve eletrodomésticos, documentos e móveis tomados pela água durante o temporal. "A gente perdeu tudo, carro, móveis, documentos, dinheiro, cama, geladeira, máquina de lavar. Ano passado tinha acontecido a mesma coisa, mobiliamos tudo e agora perdemos de novo. Dessa vez foi muito pior, cena de terror mesmo. A chuva começou 17h30 e foi só subindo, não parava e foi um desastre, água até o teto", relatou Cris ao DIA.
O imóvel da família é dividido em duas partes. Por pouco, a parte superior não foi atingida pela água. "Tivemos que quebrar um muro 'pra' água não atingir o segundo andar. E a casa de cima tá rachando também, vamos ter que sair de lá. A gente 'tá' procurando 'pra' saber o que fazer porque ninguém tem 'pra' onde ir. A prefeitura 'tá' dando alimentação e abrigo, mas a gente precisa de uma solução", explicou a administradora. 
De acordo com a prefeitura do município, desde a noite de sexta-feira (8), equipes de diversas secretarias atenderam as cerca de 350 pessoas desabrigadas e trabalharam na limpeza e desobstrução de vias. A Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Direitos Humanos enviou à cidade da Costa Verde cestas de alimento, água potável, kits limpeza e higiene, além de colchões. Para as famílias que necessitarem, o Governo do Estado sinalizou a possibilidade de receber o Cartão Recomeçar, que pode ser usado para comprar material de construção, móveis e eletrodomésticos.
A marinheira, Fernanda Mesquita, de 46 anos, moradora da região do Bracuí, contou que demorou para cair a ficha de que tinha perdido a casa. "Ontem eu estava completamente em choque e sem reação, hoje eu voltei 'pra' realidade 'pra' fazer um milagre e tentar recuperar algumas coisas, mas é muito triste ver tudo que construí, destruído. Tenho que agradecer por estar viva e vamos nos reerguer", contou em entrevista ao DIA
Fernanda, que divide o terreno com a irmã, relembrou o momento em que a água do rio começou a subir. "Eu estava em casa quando começou a chover, minha irmã falou 'pra' gente levantar as coisas porque as casas mais baixas já estavam alagando, foi tudo muito rápido, só deu tempo da gente sair de casa. Meu sobrinho pegou o bote dele e veio pra cá ajudar as famílias, ficou até 5h da manhã tirando as pessoas das casas inundadas", disse a marinheira. 
As irmãs estão ficando na casa do sobrinho enquanto buscam uma solução. "Estamos sem água, sem luz, não tem como ficar aqui. A gente veio pra cá tentar limpar, tirar a lama e ver o que dá pra salvar. Depois que limpar, vamos colocar um colchão e pelo menos vamos ter um teto pra dormir", explicou. 
A prefeitura de Angra disponibilizou dois locais para o recebimento de doações: Alameda Coronel Otávio Brasil, 253-B, no Balneário, das 9h às 17h, e o CRAS Frade, na Rua Silva Travassos, 288. Os itens mais necessários são: água, produtos de higiene pessoal, material de limpeza, roupas, lençóis e alimentos não perecíveis.