Leonardo Antônio da Conceição Albertino, de 21 anos, está preso desde o dia 4 de dezembroDivulgação

Rio - Familiares de Leonardo Antônio da Conceição Albertino, de 21 anos, afirmam que o jovem está preso injustamente desde o último dia 4 de dezembro, no Presídio de Benfica, na Zona Norte do Rio, por um crime que não cometeu. A mãe do rapaz, Nádia da Conceição, denuncia que o filho está sendo acusado de participação na morte de Adriano Gonçalves de Oliviera, no bairro Guaxindiba, em São Gonçalo, Região Metropolitana do Rio, no dia 13 de junho do ano passado. A vítima teve o corpo carbonizado.
Nádia diz que reuniu evidências e testemunhas para comprovar que na data o filho estava trabalhando em outro bairro do município. Leonardo é mecânico de bicicleta e foi preso quando estava trabalhando em uma loja de bicicletas no bairro do Raul Veiga, em São Gonçalo. Segundo a Polícia Civil, policiais da Delegacia Especializada em Armas, Munições e Explosivos (Desarme) cumpriram um mandado de prisão por homicídio qualificado, após monitoramento do Setor de Inteligência, contra o mecânico. Em audiência de custódia, a Justiça do Rio manteve a prisão.
Ao DIA, Nádia descreveu o filho como sendo uma pessoa tranquila, de muitos amigos e participante da igreja. Ele é baterista da Primeira Igreja Batista do Recanto das Acácias e também lidera um grupo de pedalada, um hobby que ele tem há alguns anos. Nas redes sociais do jovem é possível ver ele tocando bateria na igreja e fazendo trilhas acompanhado de outros ciclistas. A família também diz que ele nunca teve envolvimento com o crime, apesar dele ser acusado de associação ao tráfico e roubo majorado. Uma personalidade oposta a do irmão Marcos Antônio, vulgo Sabiá, morto no dia 29 de junho de 2021.
A família tem duas hipóteses para explicar a prisão supostamente injusta de Leonardo. A primeira é a de que ele esteja sendo confundido com o irmão por parte de pai, Marcos Antônio, já que o mesmo possui antecedentes criminais e integrava o tráfico de drogas em Guaxindiba, mesmo local onde ocorreu o homicídio imputado ao mecânico de bicicleta. No processo contra Leonardo também consta que o seu vulgo é Sabiá, o mesmo apelido do irmão falecido. As datas dos acontecimentos também conflitam, já que em junho do ano passado, data do crime de homicídio, Sabiá já havia sido morto. A mãe de Leonardo diz que os irmãos não são parecidos fisicamente. 
A segunda hipótese é a de que testemunhas tenham reconhecido Leonardo através de uma foto dele, retirada do banco de dados do Detran em sede policial.
Angustiada, Nádia diz que gostaria de avisar ao filho que há pessoas do lado de fora da prisão lutando para provar a sua inocência. "Eu não consegui falar com ele desde o dia da prisão. Fomos na audiência de custódia, mas não nos deixaram entrar. Eu não sei como ele está. Eu só queria que ele soubesse que não está sozinho, que estamos daqui fora lutando por ele", disse a mãe, que completou: "A gente só quer ser ouvido. Ele está sendo confundido". 
Entre as provas reunidas pela família estão os contracheques da empresa onde o rapaz trabalhava. O empreendimento não tem o histórico da folha de ponto, mas repassou informações que confirmam que ele tinha vínculo empregatício, tendo que cumprir horário. "O ex-patrão dele deu provas que ele estava trabalhando nas datas. Também se dispôs, assim como vários outros colegas de trabalho, a prestar depoimento a favor dele", disse a mãe. A família também tenta ajuda da Defensoria Pública do Rio para solucionar o caso.
Outras duas pessoas são citadas no processo
Além de Leonardo, outros dois homens são citados no processo por participação no homicídio. O primeiro é um antigo conhecido da Polícia Civil. Trata-se de Leandro de Oliveira dos Santos, o Playboy de Guaxindiba. Ele se entregou em maio deste ano à Justiça do Rio, após ter sido expulso da comunidade onde integrava o tráfico, em Guaxindiba, por torturar e matar com requintes de crueldade moradores. Ele se entregou no Fórum Regional de Alcântara - Juíza Patrícia Lourival Acioli, em São Gonçalo.
Segundo as investigações, Playboy de Guaxindiba estava obrigando os moradores a trabalharem para o tráfico, passando informações sobre a presença de viaturas da polícia na comunidade e sobre a entrada de veículos estranhos. A movimentação dele não foi bem aceita no tráfico e ele passou a correr risco de vida.
O segundo nome no processo é de Kawa Santos Cardoso, vulgo Leleke. Contra ele ainda consta um mandado de prisão em aberto. Nádia, mãe do mecânico de bicicletas, diz que não conhece os dois citados no processo.
Segundo o Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), uma audiência de instrução foi marcada para o dia 18 de março de 2024. Além disso, o órgão ainda informou que o nome de Leonardo Antônio da Conceição Albertino aparece em um processo de roubo majorado, que tramita na 1ª Vara Criminal de São Gonçalo. 
Em nota, o Ministério Público da Rio (MPRJ) afirmou que o réu foi denunciado por homicídio qualificado, a denúncia foi recebida pela Justiça e o mecânico teve a prisão preventiva decretada.
Procurada, a Secretaria de Estado de Administração Penitenciária (Seap) disse que apenas cumpre decisões judiciais.