Rio monitora casos de Dengue no estadoPedro Ivo / Agência O Dia

Rio - Doze municípios do estado do Rio vão começar a vacinar contra a dengue a partir de fevereiro, através do Sistema Único de Saúde (SUS). A campanha, que será organizada pelas Secretarias de Saúde do estado e dos municípios, vai iniciar imunizando as crianças e os adolescentes entre 10 e 14 anos. O esquema vacinal é de duas doses com intervalos de três meses.

De acordo com o Ministério da Saúde, essa é a faixa etária com maior número de hospitalizações por dengue entre janeiro de 2019 e novembro de 2023, totalizando 16,4 mil casos em todo o Brasil. Nesta sexta-feira (26), durante uma coletiva de imprensa para falar sobre ações de combate à dengue no Rio, Castro disse que depende do Ministério da Saúde para começar a vacinação. "Da nossa parte está tudo pronto. É só a vacina chegar que ela será entregue dentro de 12 horas para as cidades e aí a vacinação pode começar no mesmo dia pelo governo", afirmou.
O Rio é o oitavo estado do país com mais casos prováveis de dengue registrados em 2024. De acordo com a Secretaria Estadual de Saúde, 75% dos casos apresentados no Rio são do vírus tipo 1, o mais antigo em circulação nessa região, segundo a Fiocruz. Os outros 25% dos infectados registraram o tipo 2 da doença. Neste ano, o estado do Rio já contabilizou 9,9 mil notificações da doença até a última terça-feira (3). A soma representa uma alta de 585% em relação ao mesmo período de 2023. 
O Panorama da Dengue, boletim da Secretaria de Estado de Saúde (SES-RJ) divulgado na quarta-feira (24), aponta que Rio de Janeiro segue com "forte tendência de alta na quantidade de casos, com números bem acima da média histórica para janeiro". Segundo o governo, os números superaram a quantidade esperada para o período de março e abril, quando a doença costuma atingir o pico no ano. Até o momento, o estado teve 355 internações e 9 pacientes em estado grave. Em coletiva nesta sexta-feira (26), a secretária de estado de saúde, Claudia Mello, informou que há 15 óbitos em investigação no estado.
Segundo Castro, desde novembro o Centro de Inteligência em Saúde (CIS) começou a apontar um aumento de casos da Dengue no estado. "Nas três primeiras semanas de 2024 foram registrados 10 mil casos da doença, que é um número quase 600% acima do mesmo período do ano anterior, então é um dado que preocupa e que a gente já vem acompanhando", completou.
Durante a coletiva desta sexta, ainda foi apresentado o Plano Estadual de Combate à Dengue, que envolve a montagem de 80 salas de hidratação, com capacidade para atender até 8 mil pacientes por dia, além da conversão de 160 leitos de nove hospitais para tratamento da doença. Ao todo 2 mil médicos de emergências e profissionais de saúde dos 92 municípios do Rio estão sendo treinados para atender aos casos de dengue.
Confira a lista das cidades que vão participar na campanha no Rio de Janeiro:
Rio de Janeiro
Nilópolis
Duque de Caxias
Nova Iguaçu
São João de Meriti
Itaguaí
Magé
Belford Roxo
Mesquita
Seropédica
Japeri
Queimados
Doze pessoas morreram por dengue em 2024 no Brasil

O Aedes aegypti, também conhecido como mosquito da dengue, se prolifera especialmente no verão, período de calor e de constantes chuvas, que tornam o ambiente perfeito para o seu desenvolvimento. De acordo com o Informe Semanal das Arboviroses Urbanas do Ministério da Saúde, nas três primeiras semanas de 2024, foram registrados 120.874 casos prováveis e 12 óbitos pela doença no Brasil.
Rede privada registra aumento de casos

Também na rede privada há aumento de vítimas da dengue. Os hospitais da Rede D’Or no estado do Rio de Janeiro registraram, agora em janeiro, aumento médio de 778% no número de pacientes diagnosticados com dengue, em comparação com o primeiro mês de 2023.

A maior alta proporcional foi anotada no pronto atendimento do Hospital Rios D’Or, em Jacarepaguá, Zona Oeste da capital, onde 2.300% a mais de pacientes com a doença foram atendidos entre 1º e 20 de janeiro, em relação a igual período do ano passado.

Já no Barra D’Or, o total de casos confirmados subiu 1.250%, enquanto no Hospital Bangu, ambos na Zona Oeste do Rio, houve crescimento de 1.050%. No Hospital Samer, em Resende, ocorreu alta de 1040%.

Também foram verificados aumentos do número de casos da doença em pacientes atendidos nos hospitais Norte D’Or (690%), em Cascadura, Zona Norte; Copa D’Or (500%), na Zona Sul; e Oeste D’Or (126%), em Campo Grande, na Zona Oeste

As unidades da rede no estado - Rio Barra, Perinatal, São Vicente, Jutta e Copa Star - que não tiveram nenhum caso de paciente com dengue entre 1º e 20 de janeiro de 2023, mas registraram agora ocorrências da doença no mesmo período de 2024, informou a Rede D’Or, por meio de sua assessoria de imprensa.

Preocupação
O diretor nacional de Infectologia da Rede D’Or, David Uip, disse que o crescimento é expressivo nos hospitais da rede nos estados do Rio de Janeiro e São Paulo e no Distrito Federal.

"É um indicador preocupante, especialmente se for registrada a circulação de sorotipo 3, como tem sido visto em algumas cidades, o que aumenta o número de pessoas suscetíveis à doença. Isso não ocorria há 15 anos. O risco de crescimento contínuo do número de casos nos próximos meses é real. As pessoas que já tiveram dengue no passado podem apresentar sintomas mais severos", opinou.

Para esse infectologista, é importante que a população esteja atenta aos principais sintomas da doença, como febre alta repentina, dor de cabeça, dores no corpo e articulações, prostração, fraqueza e dor atrás dos olhos. Nesses casos, é importante procurar assistência hospitalar especializada.

David ressaltou também a importância da adoção de medidas recomendadas por autoridades sanitárias, evitando recipientes com acúmulo de água parada nos domicílios para que o vetor da dengue, o mosquito Aedes aegypti, não encontre ambientes propícios para proliferação.