Rio - O senador Flávio Bolsonaro (PL) afirmou, nesta quarta-feira (31), que uma das embarcações usadas pela família em Angra dos Reis, na Costa Verde do Rio, não retornou para a casa no momento em que a Polícia Federal (PF) realizava uma operação na residência. Em coletiva da oposição no Senado, Flávio Bolsonaro negou o sumiço de um jet ski e disse que a embarcação não retornou após a pescaria em família pois não era dele.
"Não voltei para a residência porque estava em um jet-ski que não era meu, que eu tinha que devolver para a pessoa no local que não era a Vila Histórica de Mambucaba. E depois fui para um almoço", disse. Flávio ainda afirmou que não retornou para a residência com o pai e o irmão pois não era o alvo da ação.
Segundo fontes da PF ao site 'Metrópoles', a polícia estranhou a ausência do jet ski no retorno da família à casa. A PF, então, teria passado a investigar se a embarcação foi usada para transportar e esconder provas ou materiais suspeitos envolvendo a família Bolsonaro. O uso de um barco e de dois jet ski para pescar também chamou a atenção dos investigadores.
'Abin paralela'
O vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos) foi o principal alvo da operação que investiga o monitoramento ilegal de autoridades por parte da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão do ex-diretor-geral Alexandre Ramagem (PL), deflagrada nas primeiras horas de segunda-feira (29).
Agentes da corporação também estiveram no gabinete do vereador na Câmara Municipal do Rio e em sua residência, na Barra da Tijuca, Zona Oeste. Foram cumpridos nove mandados de busca e apreensão em Angra dos Reis, Rio de Janeiro, Brasília, Formosa (GO) e Salvador. Um computador da Abin foi encontrado na casa do militar Giancarlo Gomes Rodrigues, alvo da operação e o ex-assessor do deputado federal Alexandre Ramagem, ex-diretor-geral da agência. A mulher de Giancarlo é servidora da Abin.
A ação é um desdobramento das investigações da Operação Última Milha, deflagrada em outubro do ano passado. Segundo as investigações, o grupo criminoso criou uma estrutura paralela na Abin e utilizou ferramentas e serviços da agência para ações ilícitas, produzindo informações para uso político e midiático, para a obtenção de proveitos pessoais e até mesmo para interferir em investigações da Polícia Federal.
De acordo com a PF, o objetivo é identificar os principais destinatários e beneficiários das informações produzidas ilegalmente no âmbito da Abin, por meio das ações clandestinas. Nelas, eram utilizadas técnicas de investigação próprias das polícias judiciárias, sem qualquer controle judicial ou do Ministério Público.
Segundo as investigações, Carlos Bolsonaro é "a principal pessoa da família que recebia informações da Abin paralela". É apontado, ainda, que teria partido dele a ideia de criar esse grupo, para usar a estrutura da agência.
Segundo a PF, a Abin fez 33 mil monitoramentos ilegais durante o governo Bolsonaro. Do total, 1,8 mil foram destinados à espionagem de políticos, jornalistas, advogados, ministros do STF e adversários da gestão do ex-presidente. Na última quinta-feira (25), Alexandre Ramagem foi o alvo da operação. O deputado comandou a agência durante o governo do Jair Bolsonaro (PL) e é pré-candidato à prefeitura do Rio com o apoio do ex-presidente.
De acordo com os investigadores que acompanham o inquérito, a PF recolheu dados dos telefones funcionais de servidores e de computadores da agência. Essas informações apontam Ramagem como o responsável por autorizar a espionagem ilegal de autoridades.
Os investigados podem responder pelos crimes de invasão de dispositivo informático alheio, organização criminosa e interceptação de comunicações telefônicas, de informática ou telemática sem autorização judicial ou com objetivos não autorizados em lei.
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