Rio - A advogada Ani Luizi, que representa Leandro Campos Gonçalves, de 22 anos, afirmou que as imagens das câmeras de segurança deixam claro que o torcedor não revidou e foi vítima das agressões por parte do dirigente do Flamengo e vereador Marcos Braz. Em entrevista a O DIA nesta quarta-feira (31), ela diz que os vídeos desmentem a versão do vereador acerca da confusão ocorrida em setembro do ano passado.
"O Ministério Público já tinha tido acesso às imagens e ficou claro que o Marcos Braz, até então, foi autor do crime de lesão corporal, ao contrário do que ele acusava o Leandro de ameaça e também de lesão corporal. Ele alegou em depoimento e na coletiva que as agressões foram mútuas, mas o vídeo deixa claro que não foram. Após ter acesso a essas imagens, o Ministério Público solicitou a retificação do polo da ação e colocou o Marcos Braz e o Carlos André como autores do fato e o Leandro como vítima", disse a advogada.
A primeira audiência de instrução e julgamento está marcada para o dia 27 de fevereiro. As imagens obtidas pelo DIA mostram que, às 17h03, dois homens se aproximam de um loja em um shopping na Barra da Tijuca, na Zona Oeste. Carlos André da Silva, amigo de Braz que também responde pelo crime, vai à porta do estabelecimento e passa a discutir com a dupla, que vai embora cerca de 1 minuto e 40 segundos depois.
Três minutos após os dois deixarem o local, a filha do vereador, que completou 15 anos no dia seguinte à confusão, chega na loja acompanhada de duas amigas. Elas se aproximam de Braz e vão embora às 17h10. Leandro vai em direção ao dirigente cerca de 20 segundos depois que as adolescentes saem do local. Em outro ângulo, é possível perceber que o torcedor se aproxima pelo outro lado do corredor, sem ter contato com as meninas.
A fala do entregador ao Marcos Braz dura por volta de 6 segundos. Como não há o áudio do vídeo, não é possível concluir o que Leandro teria dito. Ele alega que pediu para o dirigente deixar o Flamengo, enquanto o vereador afirma que foi ameaçado. Após essa rápida interação, Braz e Carlos André correm em direção ao rapaz, dando início às agressões. Além dos chutes, o jovem foi mordido na coxa direita, próximo à virilha.
Veja os vídeos
Vídeos mostram início e o desenrolar da briga envolvendo o dirigente do Flamengo Marcos Braz e o torcedor Leandro Campos em um shopping na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio. Crédito: Reprodução#ODiapic.twitter.com/9Kyk8bLXXz
Na denúncia oferecida à Justiça, o Ministério Público do Rio informa que as imagens desmentem a versão apresentada por Braz, que disse ter sido ameaçado de morte na frente da filha. Além disso, o órgão ressalta que não há comprovações de que Leandro tenha ameaçado o dirigente.
O DIA tenta contato com a defesa do vereador, mas, até o momento, não obteve resposta. O espaço segue aberto para manifestações.
Segundo a parlamentar, agrava a conduta de Marcos Braz o fato de enquanto ele se envolvia no caso, acontecia uma votação na Câmara de vereadores, logo o parlamentar faltou a sessão.
No momento das agressões, acontecia uma votação de caráter urgente na Câmara de Vereadores do Rio. Braz chegou a realizar um pré-registro de presença, mas não compareceu para cumprir o seu dever. O painel da votação exibiu um sinal de interrogação ao lado do nome do vereador durante a sessão.
Em coletiva, Braz disse que às terças e quintas, de 13h30 às 16h, os parlamentares dão presença virtual pra entrar no sistema, onde eles têm conhecimento das pautas que vão ser votadas, de 16h às 18h, mas que ao iniciar a votação, quem não comparece ao plenário ganha falta.
"Chega 16h e se você não botar o dedo dentro da câmara, você toma falta, você é descontado do salário. Eu tomei a falta, eu não fiz nenhuma ilegalidade, eu vou ser descontado, só para deixar claro. Eu fiz a opção de estar com a minha filha um dia antes do aniversário dela, uma filha que não mora comigo, foi uma opção minha", disse.
Relembre o caso
No dia 19 de setembro, Braz estava no Barra Shopping acompanhado da filha de 14 anos, quando foi abordado e cobrado por um torcedor, em razão do momento turbulento da equipe. O vídeo da agressão foi compartilhado pelo Venê Casagrande. De acordo com o jornalista, o rubro-negro Leandro Campos, que trabalha como entregador, disse que pediu para que o dirigente saísse do Flamengo, mas ele não gostou e partiu para a agressão. O torcedor também afirmou ter sido mordido.
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