Familiares de Jefferson de Araújo Costa com cartazes no enterro do jovemFred Vidal / Agência O Dia

Rio – Jefferson de Araújo Costa, de 22 anos, foi enterrado neste sábado (10), no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte. O jovem morreu após ser baleado à queima-roupa pelo policial militar Carlos Eduardo Gomes dos Reis durante um protesto na Avenida Brasil, na altura do Complexo da Maré, na quinta-feira. Emocionada, a mãe da vítima precisou da ajuda de familiares para deixar o local.
Caleine de Araújo Costa, de 20, também esteve no cemitério para se despedir do seu irmão, que completaria 23 anos no próximo dia 21. Ela foi a responsável por socorrer Jefferson.


Na cerimônia, pessoas próximas a Jefferson levaram cartazes com os dizeres: "Um fuzil jamais pode virar um cassetete com bala na agulha, pronto para matar"; "Mais uma mãe vê seu filho ser morto pela PM. Covardia". Amigos e parentes também vestiam uma camisa branca com a foto do jovem.
O policial Carlos Eduardo está preso preventivamente por omissão de socorro e homicídio culposo, quando não há a intenção de matar. O juiz Diego Fernandes Silva entendeu que a soltura do PM traz medo e insegurança para testemunhas do homicídio, causando prejuízo à instrução criminal. A arma e a câmera operacional do agente foram recolhidas e disponibilizadas para investigação.
Jefferson morreu depois de ser baleado na barriga durante um protesto na Avenida Brasil, próximo ao Complexo da Maré. Imagens que circulam nas redes sociais mostram a abordagem do PM, que usa o fuzil para bater no jovem. Logo em seguida, escuta-se o disparo. A gravação mostra a vítima sangrando e desmaiando na calçada. O par de chinelos e o boné de Jefferson foram deixados no local onde ele foi baleado, ao lado de uma poça de sangue.
De acordo com a PM, agentes do 22º BPM (Maré) foram acionados para intervir em uma manifestação que ameaçava fechar a Avenida Brasil. A corporação informou que, durante a ação, o fuzil de um dos policiais disparou e acabou atingindo um manifestante.
Jefferson foi socorrido por familiares e encaminhado ao Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas já chegou sem vida na unidade.
O secretário de Estado de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Marinho Pires, comentou que a atuação do PM foi completamente equivocada. "Não é ensinado isso nos nossos bancos escolares, nos nossos centros de treinamento. A abordagem daquela forma, numa manifestação, não é feita daquela forma. Completamente equivocada a abordagem do policial", admitiu o secretário.