Primeiro dia de vacinação contra a dengue no Centro Municipal de Saúde Raul Barboza, em Guaratiba, Zona OesteDivulgação

Rio - A população de Guaratiba, Zona Oeste do Rio, escolhida para participar de estudo com a vacina contra a dengue, começou a receber a primeira dose do imunizante, nesta sexta-feira (16). Resultado de parceria entre a Secretaria Municipal de Saúde (SMS), Ministério da Saúde (MS) e a Fiocruz, o programa vai atender a um grupo de 20 mil pessoas, com faixa etária de 18 a 40 anos. 
Segundo o secretário municipal Saúde, Daniel Soranz, que acompanhou o primeiro dia de imunização, no Centro Municipal de Saúde (CMS) Raul Barroso, o objetivo do estudo é avaliar a efetividade do imunizante na população adulta e, com isso, fornecer dados que fundamentem a inclusão ou não da vacina no calendário regular nacional.
O medicamento é feito a partir do vírus atenuado que, uma vez aplicado, força a reação imunológico das pessoas para a produção de anticorpos contra os três sorotipos da dengue. 
"Essas pessoas vão ser monitoradas durante dois anos para ver a eficácia da vacina. Todas essas pessoas que se voluntariaram a participar do estudo foram selecionadas e tem uma amostra do seu sangue colhida. Esse material passa por um exame de sorologia que pessoa teve dengue 1, 2, 3 ou 4 ou se ela já teve zica. Depois, é feito a vacinação, a primeira dose, e a segunda dose faz com três meses", esclareceu Soranz.
Com a imunização completa, esses pacientes serão monitorados durante um período de dois anos, onde será acompanhada a contaminação ou não pelo vírus. "Também monitoramos qualquer reação da vacina, lembrando que é uma vacina segura, aprovada pela Anvisa, já testada em outros países. O objetivo é ter mais evidências científicas para que o governo brasileiro tome uma decisão da incorporação para a mesma faixa etária", pontuou.
A região de Guaratiba foi escolhida por uma série de características, além é claro de ser uma das localidades mais atingidas pela doença transmitida pelo Aedes Aegypti. Somente nos primeiros 40 dias do ano, o número de casos de contaminação pelo vírus cresceu 56% em todo o estado e, no município, o bairro da Zona Oeste foi um dos que teve maior incidência.
"Guaratiba representa a população brasileira. É uma população que tem características da população do Brasil e maior incidência de dengue. Tem um bom cadastro no Sistema Único de Saúde e boa cobertura de Saúde da Família, além de ser uma população estática e que não migra muito. São características importantes para o estudo", avaliou.
A secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente (SVSA) do Ministério da Saúde, Ethel Maciel, que também esteve no primeiro dia do estudo, a faixa etária adotada no estudo do Rio não estava contemplada pela orientação inicial da Organização Mundial de Saúde (OMS), que indicava o imunizante entre 6 e 16 anos. A mudança permitirá uma coleta de dados mais adequada a situação da dengue no Brasil.
"Esse estudo que vai ser feito aqui nos fornecerá dados importantes. Uma informação melhor sobre a segurança e eficácia da vacina no Brasil", avaliou. 
Contraindicações 
O grupo de pessoas atendidas pelo imunizante não inclui pessoas imunodeprimidas, gestantes, lactantes, pacientes com febre ou alérgicos a algum componente da vacina. Além disso, o imunizante até o momento não está autorizado para aplicação em idosos. 
Qdenga
A Qdenga foi aprovada pela Comissão Nacional de Incorporações de Tecnologias (Conitec), do Ministério da Saúde, e incorporada ao Sistema Único de Saúde (SUS). O imunizante é feito a partir do vírus vivo atenuado e interage com o sistema imunológico. Dessa forma, provoca uma resposta semelhante à gerada pela infecção natural. O imunizante confere proteção contra os quatro subtipos do vírus da dengue existentes: DENV1, DENV2, DENV3 e DENV4.