Quadra do Cacique de Ramos vai receber primeira festa literária da agremiaçãoArquivo / Agência O Dia

Rio - Considerado um dos mais tradicionais redutos do samba no Rio, o Cacique de Ramos realiza sua primeira festa literária nesta sexta-feira (1), das 10h às 20h. O evento acontece na quadra da agremiação, em Olaria, na Zona Norte, com objetivo de promover a cultura e educação para cerca de 1.500 alunos da rede municipal. A "FliCacique" é gratuita e terá mais de 30 atividades para o público.
A programação conta com diversas oficinas, rodas de debate e encontros com autores, além de uma visita guiada pela quadra do Cacique de Ramos com integrantes do Centro de Memória do bloco. Segundo a Secretaria Municipal de Educação (SME), que participou da curadoria geral da festa, o evento abordará temas cruciais para a formação de cidadãos críticos, como identidade, pertencimento, equidade de gênero e raça. 
Dentre as atividades, estão: oficina de percussão com Mestre Xula, voltada para os alunos do Ensino Fundamental; exposição de ilustrações com o artista plástico e carnavalesco do bloco, André Cezari, e uma roda de conversa com o tema "A força feminina nos ramos do Cacique", com participação de Nayara Cezari, diretora de comunicação, e Cássia Anastácia, Rainha da agremiação e passista do Salgueiro. Por fim, terá uma apresentação de samba e cordel com o músico e capoeirista Victor Lobisomem.
De acordo com os organizadores, haverá a exposição de mais de 15 editoras e um espaço reservado para autores independentes. Com curadoria do historiador Walter Pereira Junior, coordenador do Centro de Memória do Cacique de Ramos, e do professor Cleber Gonçalves, também integrante do espaço, a 1ª Festa Literária do Cacique de Ramos é gratuita e tem classificação livre.
"A importância da 'FliCacique' é registrar de maneira escrita a nossa ancestralidade que é, na grande maioria das vezes, falada, como no partido-alto, para que cada vez mais pessoas possam se valer da dádiva que é a vida no quilombo da tamarineira", explicou Cleber.
"O Cacique de Ramos é uma instituição, território e identidade cultural, um lugar de circulação de saberes, que está sempre de mãos dadas com a educação. É uma satisfação ver esse local sendo ocupado com atividades que promovem a difusão da nossa cultura", complementou Walter.
Para a Secretaria Municipal de Educação, o evento promove a valorização do potencial pedagógico de todas as práticas leitoras, reconhecendo que cada leitor contribui de maneira única para o diálogo cultural. Além disso, se destaca como um espaço inclusivo, celebrando todas as formas de expressão literária.
"Estamos comprometidos em promover uma educação que vá além das salas de aula, que abrace a cultura, a diversidade e o pensamento crítico. A 1ª Festa Literária do Cacique de Ramos é um reflexo desse compromisso, um espaço onde a literatura se torna uma ferramenta poderosa para a transformação social e o enriquecimento pessoal de nossos alunos e de toda a comunidade”, ressaltou o secretário Renan Ferreirinha.
A quadra da agremiação fica na Rua Uranos, 1.326, em Olaria. A programação completa está disponível no Instagram oficial @cacique_de_ramos.
Feiras literárias no samba
Apesar de inédito em um bloco carnavalesco, as feiras literárias já são realidade no mundo do samba. Desde 2019, a Portela promove a "FliPortela", um encontro de cultural para falar de livros e preservação da memória e arte. Em abril do ano passado, o evento aconteceu durante três dias.
Ao longo de 2023, foi a vez da Mangueira, do Salgueiro e da Unidos de Vila Isabel realizarem, pela primeira vez, eventos semelhantes, promovendo a cultura e incentivando a leitura entre os jovens.
A Festa Literária do Cacique de Ramos faz parte do Circuito de Festas Literárias promovido pela Secretaria Municipal de Educação, por meio da Equipe de Projetos Estratégicos, que este ano deve promover mais sete festas literárias pela cidade.
Cacique de Ramos
O Cacique de Ramos surgiu no ano de 1961, com a união de grupos carnavalescos de jovens em Ramos, na Zona Norte do Rio. Após dois anos de cortejo, o desfile passou a figurar no Centro a partir de 1963. Com isso, a agremiação se firmou como um fenômeno de multidão, atraindo foliões de diversas regiões.
No início dos anos 70, o Cacique de Ramos ocupou uma sede permanente e os integrantes começaram a promover rodas de samba, reveladas pela cantora Beth Carvalho em seu disco "De Pé no Chão". A instituição, ativa há mais de 60 anos, segue com pagode aos domingos e desfile no Carnaval carioca.