Milicianos presos na operação do MP foram encaminhados à Cidade da PolíciaCleber Mendes / Agência O Dia

Rio - O Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) prendeu, nesta sexta-feira (1), quatro suspeitos de integrarem uma rede ilegal de comércio de armas e munições na Zona Norte do Rio. Ao todo, foram cumpridos cinco mandados de prisão e oito de busca e apreensão nos bairros de Rocha Miranda, Honório Gurgel, Colégio e Catumbi.
Entre os presos estão Paulo Sérgio Ladi Pereira, Roberto Pinheiro Mota, Uellington Aleixo Vitória Coutinho e Welington De Oliveira Rodrigues, conhecido como Manguaça. Manguaça já estava preso na Cadeia Pública Isap Tiago Teles de Castro Domingues, em São Gonçalo, na Região Metropolitana. Ele é apontado pela investigação como um dos gerentes da central de TV a cabo clandestina de Suel e Lessa, que não fazem parte desta denúncia. Ao todo, foram apreendidos cerca de R$ 7 mil e celulares.
A ação, realizada por agentes do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado do Rio de Janeiro (Gaeco) e pela Polícia Federal (PF), é um desdobramento da Operação Jammer, de agosto do ano passado, que mirava o combate a exploração ilegal de sinal de internet e TV pela milícia do ex-PM Ronnie Lessa e do ex-bombeiro Maxwell Simões Corrêa, o Suel. 
Ambos estão presos por participação na morte da vereadora Marielle Franco (Psol) e do motorista Anderson Gomes, em 2018. Ronnie foi condenado, em março de 2019, por realizar 13 disparos que mataram a vereadora e o motorista. Já Suel foi preso em julho de 2023 acusado de ter participado do sumiço das armas usadas no crime. Em fevereiro deste ano, Ronnie também foi condenado por tráfico de armas
As investigações dão conta de que esta milícia não só explorava o "gatonet" na região, como também comercializava armas de fogo e munições, incluindo armamentos de uso restrito, como fuzil.
Auriçon de Jesus Gomes, advogado de Paulo Sérgio Pereira, preso na operação, alegou que o policial reformado sofre de esquizofrenia grave, pressão alta e dificuldade de locomoção. Devido a esta condição, acredita que o Ministério Público deveria reanalisar a prisão.
"A presunção do meu cliente é de inocência, até porque os autos não foram apresentados à defesa. O Ministério Público deveria investigar melhor essa situação. Ele esteve na polícia por 27 anos e nunca respondeu por nenhum processo criminal", comentou Auriçon.
De acordo com o Ministério Público, a operação teve por base provas obtidas em apreensões realizadas na operação Jammer que revelou novos contornos e outros integrantes da organização criminosa, além de provas de mais crimes praticados pelo grupo.
Na ocasião, Ronnie Lessa e Suel tiveram a prisão decretada acusados de liderarem o esquema de "gatonet". Segundo as investigações, o ex-bombeiro exercia o comando da organização e recebia as parcelas mais altas dos valores obtidos por meio dos serviços. Já Lessa atuava na parte financeira, além de controlar os bairros nos quais a milícia agia. O filho de Suel, Maxwell Simões Corrêa Júnior, e o policial militar Sandro dos Franco também tiveram prisões decretadas.
A ação do MPRJ desta sexta-feira (1) contou com apoio da Coordenadoria de Segurança e Inteligência (CSI), DC-Polinter, do 9º BPM (Rocha Miranda) e da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap). Os presos foram encaminhados à Cidade da Polícia, no Jacarezinho, Zona Norte do Rio.