Rio - Um grupo de caminhoneiros que transportam cargas com destino ao estado do Rio de Janeiro fizeram um protesto por causa da restrição de horário para circulação de caminhões na Avenida Brasil, no final da manhã desta segunda-feira (11). Os motoristas se reuniram no Mercado São Sebastião, na Penha, Zona Norte do Rio, e seguiram em carreata pela Avenida Brasil, com buzinaço.
Um carro de som que acompanhava o grupo de manifestantes foi à sede da prefeitura do Rio para protestar na frente do local. Os demais caminhões permaneceram em carreata pela Avenida Brasil. Em cima do carro de som, caminhoneiros carregavam faixas com as mensagens: 'Não à restrição da Avenida Brasil'; 'Restrição igual a desabastecimento'. Nas redes sociais, motoristas que serão impactados com a restrição criticaram a decisão e apontaram um possível aumento de assaltos no novo trajeto.
"Estamos nos expondo a riscos de assaltos na madrugada. A Avenida Brasil é a principal 'artéria' do Rio de Janeiro. O Ceasa fica às margens da avenida, não tem outro caminho para quem vem do Espírito Santo, por exemplo. Quem vem de São Paulo pode até passar por dentro de Irajá, mas as ruas não vão suportar o excesso de caminhão", disse um caminhoneiro. "Ele [prefeito] colocou a gente na marginal da Avenida Brasil, onde não tem estrutura para que possamos andar. Já fui assaltado duas vezes no Rio de Janeiro, as duas foram no período da noite, agora só tende a aumentar", disse um outro motorista.
"É um absurdo o que estão fazendo. Onde já se viu restringir a única rodovia de acesso que liga todo o Rio de Janeiro a nós, impondo que não podemos mais andar na pista central momento nenhum e apenas com "horários restritos" na via lateral, onde corta todas as favelas que têm o maior índice de roubo de carga. Já fui roubado, já perdi vários amigos por tentativas de assaltos na Avenida Brasil e, ao invés de melhorias e mais segurança para nós, o prefeito decreta isso", criticou um outro caminhoneiro.
A Polícia Militar informou que o policiamento permaneceu reforçado durante o protesto. Não houve registro de ocorrências no local. A prefeitura do Rio ainda não se pronunciou sobre o protesto desta segunda-feira (11).
Entenda a restrição
A restrição de dias e horários para a circulação de caminhões na Avenida Brasil, que teria início no próximo sábado (16), foi adiada. A via tem extensão de cerca de 55 km por sentido. A restrição na pista central será efetuada em trecho de aproximadamente 14 km. Quanto às pistas laterais, em que as restrições serão aplicadas somente nos dias úteis, a restrição no sentido Santa Cruz será em trecho de aproximadamente 6 km enquanto no sentido Centro o trecho restrito terá cerca de 14 km.
A prefeitura informou que objetivo da medida é melhorar o tráfego na principal via estrutural da cidade que conta com volume diário de 200 mil veículos, em média. No entanto, de acordo com o município, é preciso mais tempo para dialogar com os envolvidos nessa operação, principalmente caminhoneiros e demais profissionais do setor de cargas.
Segundo a prefeitura, novas reuniões serão marcadas com representantes dessas categorias para aprofundar o debate sobre as mudanças, que já acontecem em São Paulo, em Curitiba e em diversas cidades do país.
A definição para a implantação dessas medidas levou em consideração estudos baseados no fluxo viário na Av. Brasil, na participação dos caminhões levando em conta suas características de circulação, assim como nos dados sobre ocorrências, como enguiços, panes, acidentes e bloqueios, que causam maior impacto no trânsito e levam maior tempo para serem resolvidas, quando comparadas com as mesmas situações envolvendo veículos de menor porte.
Serão implementadas sinalizações específicas sobre essas restrições. Faixas e galhardetes serão instaladas para que os motoristas não tenham dúvida quanto aos dias e horários permitidos e proibidos, além dos trechos restritos. Mensagens nos painéis da CET-Rio também estarão informando sobre as alterações.
A fiscalização em relação às regras será efetuada por meio de equipamentos de fiscalização eletrônica ao longo dos trechos, bem como por agentes da Guarda Municipal atuando em viaturas e posicionados nas passarelas.
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