Sepultamento será nesta sexta-feira (15)Arquivo Pessoal

Rio-  Dirlene Corrêa de Olivetti, de 61 anos, que foi morta durante uma troca de tiros entre policiais militares e bandidos, em Belford Roxo, na Baixada Fluminense, vai ser enterrada nesta sexta-feira (15). O velório acontece às 12h e o sepultamento, às 13h, no Cemitério Solidão. 
A filha da vítima, a manicure Adelaide Corrêa, disse ainda não acreditar no ocorrido. "Estou impactada. A minha ficha não caiu. Acho que minha ficha só vai cair amanhã quando eu ver, porque nem isso eu não tive nem coragem ainda. Não entrei no hospital", afirmou.
Inicialmente, Adelaide não sabia como faria o enterro da mãe por falta de recursos financeiros, mas acabou conseguindo ajuda de vereadores e familiares. Ela também vai tentar utilizar o Auxílio Brasil de Dirlene, que entra nesta sexta-feira. "Vou tentar comprar um arco de flor para ela, ela merece. Quero que ela tenha um enterro digno, já que meu pai não teve", afirmou.
Em entrevista ao DIA, Adelaide disse que era rotineiro a mãe estar sentada no local onde foi baleada. "Ela sempre teve o costume de sentar ali na esquina, ver a paisagem, vender o cafézinho dela... todo dia a tarde ela sentava lá", disse a manicure. Ela não vive na mesma casa da mãe, e contou que segundo os moradores, a polícia já teria entrado atirando.
Elainne Pereira, vizinha e amiga da vítima, confirmou a situação. "Os policiais entraram na comunidade e já chegaram atirando. Ela estava no canto dela sentada como de costume, se assustou e tentou correr, mas foi atingida. E depois os policiais não deixaram socorrer. Nossos amigos ouviram ela pedindo ajuda agonizando e correram pra ajudar. Depois de muito tempo, os policias deixaram levar ela, mas já era tarde porque ela morreu no caminho da UPA", relatou.
Dirlene foi morta com tiros na cabeça e no abdômen,  no bairro Jardim Redentor, nesta quarta-feira (13). Ela chegou a ser socorrida por vizinhos e encaminhada à Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Bom Pastor, na mesma região, porém, de acordo com a Prefeitura de Belford Roxo, teve uma parada cardiorrespiratória, e mesmo com a manobra de ressuscitação realizada pelos médicos, não resistiu.
Dirlene morava sozinha e tinha uma pequena mercearia no bairro. De acordo com os amigos, a comerciante costumava ficar perto de um campo de futebol todo final de semana acompanhando o movimento da rua. Ela deixa uma filha e dois netos.
Em nota, a Polícia Militar informou que agentes do 39º BPM (Belford Roxo) realizavam patrulhamento na Estrada das Pedrinhas quando criminosos atiraram contra a equipe. Segundo a PM, houve confronto e após cessarem os disparos, a comerciante foi encontrada ferida. No entanto, familiares e amigos afirmam que os tiros foram disparados apenas pelos policiais.
A corporação informou que instaurou um procedimento interno para apurar os fatos. Disse, ainda, que está contribuindo com as investigações da Polícia Civil. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Baixada Fluminense (DHBF).