A representante Cláudia da Cunha aconselha comprar lascas de bacalhauReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Cariocas correm para garantir bacalhau e outros itens para almoço de Páscoa
Nas feiras, peixes como viola, corvina e tilápia são os mais procurados
Rio – Muitos cariocas aproveitaram a quinta-feira (28) para garantir o prato principal dos almoços da Sexta-feira da Paixão e do Domingo de Páscoa. Nos supermercados, feiras livres e no Cadeg, em Benfica, na Zona Norte, a procura maior era por peixes, bacalhau, além de legumes, verduras e frutas.
A autônoma Cleide Ferreira foi ao Cadeg e reclamou que o preços de alguns produtos subiram de maneira expressiva de 2023 para 2024. "Ano passado, comprei no mercado e estava 50% mais barato. O bacalhau e o azeite estão caríssimos. Temos que vender um rim para conseguir comprar", disse.
Tem quem não abra mão do bacalhau, independentemente do preço. É o caso do policial militar Rodrigo Leitão, que irá cozinhar para ele e o filho nesta sexta-feira e no domingo. "Eu e meu filho gostamos de bacalhau então, mesmo tendo um preço mais alto, a tradição pesa mais na hora da escolha. Costumo fazer assado, com azeite e batata. Ele adora".
A aposentada Rosa Maria é outra que não troca o item: "Está caro, bem caro, mas minha mãe é portuguesa, tem 101 anos, e quer comer bacalhau. Neste caso, nem penso. Levo para cozinhar para toda a família”.
Mesmo com o valor mais alto do que no último ano, a secretária Sandra dos Reis comprou lascas do produto para incluir na salada. "Lá em casa, cada um leva um prato para o almoço da Sexta-feira da Paixão. Eu sempre faço algo com bacalhau. Percebi aumento no valor, em relação ao ano passado, mas faço o investimento por conta da tradição. Não tem como, Natal e Páscoa tem que ter bacalhau".
O empresário Alexandre Regina, que também esteve no Cadeg, contou que gosta de comer bacalhau sempre que dá. "Dá vontade, eu compro e como. Não compro apenas no Natal e Páscoa, por exemplo. O bacalhau sempre foi caro, mas não tem jeito, não troco por outro. Eu gosto muito de bacalhau. Com este que estou comprando agora, farei salada com batata, pimentões vermelho e verde, cebola e ovo, para comer gelado", afirmou.
Já a gastrônoma Rosângela Catarina Pereira usará lascas para fazer bacalhau espiritual e bacalhoada para toda a família. "Eu sempre cozinho para os meus parentes e aceito encomendas de terceiros. Cozinho bastante bacalhau nesta época do ano, então acaba valendo a pena".
Jorge Reis, vendedor de uma barraca do tradicional Mercado Municipal, viu a venda de bacalhau cair, em comparação ao último Natal. Segundo ele, a tradição de almoços com o peixe, que vem principalmente da Noruega, não é tão forte na Semana Santa. Os consumidores preferem outro tipo. Ainda assim, ele calcula vender quase uma tonelada por dia, desde a semana passada. Em termo de faturamento, as vendas giram em torno de R$ 50 mil diários.
O vendedor Josias Alves de Lima também considerou o movimento da Semana Santa deste ano devagar. Ele comercializa bacalhau há mais de 20 anos no Cadeg e afirmou que os consumidores gastaram dinheiro com Natal e Carnaval, deixando o orçamento de Páscoa de lado. Em 2024, ele tem vendido de quatro a cinco caixas por dia, faturando cerca de R$ 15 mil com cada uma.
Para o menu de Páscoa não ser tão salgado, há famílias que optam por outros tipos de peixe. A professora Juliana Pires comprou viola na feira livre da Rua Moraes e Silva, no Maracanã, também na Zona Norte, onde o movimento também foi grande. "Somos seis pessoas na minha casa. Ficaria muito caro comprar bacalhau para todo mundo. Vou fazer filé de viola à milanesa com molho de camarão e batata. E temos um molho de gema de ovo e azeite tradicional da família, criado pela minha bisavó portuguesa".
Paulo Roberto Ferreira Alves, mototaxista, contou que iria optar por camarão e filé de linguado: "Eu gosto mais do bacalhau, mas a situação financeira do momento não me permite comprar. Está muito caro. Então, eu, minha mulher e meus dois filhos vamos fazer linguado com molho de camarão e risoto, também de camarão".
O administrador Marco Koller comprou a iguaria para comer como aperitivo: "Vou fazer frito, ao alho e óleo. Não temos tradição de comer bacalhau na Semana Santa, a nossa tradição é outro tipo de peixe, então, além do camarão, comprei dourado, para assar".
O peixeiro Francisco Lee Ferreira gosta da época de Páscoa, pois a procura e o preço aumentam. Segundo ele, o peixe que custa R$ 20 em dias comuns passa a custar R$ 26 neste período. O quilo do salmão, que estava sendo comercializado por R$ 98, passou para R$ 110 na feira, enquanto a tilápia, que geralmente custa R$ 20, foi vendida por R$ 26, o quilo. "E mesmo assim as pessoas compram muito, principalmente na Tijuca e no Grajaú, onde tenho clientes das antigas. Corvina, camarão e tilápia são os campeões de venda".
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.