A estátua do Manequinho restaurada em frente à sede do Botafogo Futebol e RegatasAnna Clara Sancho / Agência O Dia

Rio – A estátua do Manequinho, instalada em frente à sede do clube Botafogo de Futebol e Regatas, na Zona Sul, "voltou a urinar" neste sábado (30). A fonte da famosa escultura, símbolo reverenciado pela torcida alvinegra, estava há seis anos sem funcionar. Para a ocasião especial, ele foi vestido com a camisa do time pelo prefeito Eduardo Paes (PSD) e o subprefeito da Zona Sul, Flávio Valle. O Manequinho é tombado Patrimônio Cultural da Cidade. A cerimônia fez parte da entrega da reurbanização do Largo Beth Carvalho, em frente ao clube.
O espaço se transformará em uma esplanada, com calçada com mosaico de piso em preto, branco e cinza, cores representantes do Botafogo, novas jardineiras e piso em pedras portuguesas pretas.
A Madrinha do Samba era torcedora apaixonada pelo glorioso, para quem fez a canção "Botafogo Campeão", em 1989, como celebração do fim do jejum de 21 anos sem títulos do time. Luana Carvalho, filha de Beth, estava presente no evento.
A revitalização aconteceu por meio de parceria entre a Prefeitura do Rio e o clube. As intervenções são parte da implantação do Museu do Botafogo, que tem previsão de inauguração em setembro.
"Beth Carvalho era aquele soft power carioca. Ela foi, especialmente, a pessoa que me fez gostar de samba. Minha mãe tinha vários LP's da Beth e ela sempre colocava para tocar no nosso sitio. Graças a Deus, eu tive a chance de contar isso para a sambista. Eu tenho orgulho de como a Beth é uma instituição carioca, uma pessoa que fez tanto para a nossa cultura. O único defeito é que ela não era vascaína, era botafoguense, mas a gente perdoa. E a estátua do Manequinho fazendo xixi marca muito o clube e a cidade. É uma alegria estar aqui homenageando o Botafogo e a Beth Carvalho", discursou o prefeito.
Luana ficou e emocionada com a cerimônia: "Eu me sinto muito feliz com essa homenagem merecidamente em frente do Botafogo, que era uma paixão da minha mãe e foi sempre muito carinhoso com ela. Pois, às vezes, temos relações com instituições e o respeito não é recíproco. E o Botafogo sempre foi muito honroso com a minha mãe. O clube ofereceu o salão e fizemos o velório dela aqui. Acho lindo que essa homenagem seja aqui no Botafogo, ela deve estar muito feliz onde quer que ela esteja".
O brasiliense Fabiano Mendes, 43 anos, mora no Rio há apenas dois anos, mas é botafoguense desde criança. Ele levou os dois filhos à cerimônia: "É bacana ver essa restruturação. Eu passo muito por aqui de bicicleta a caminho do trabalho, e notava uma desorganização. Este é um ponto de referência para os botafoguenses, as comemorações dos títulos que tem tempo que não vêm, mas que virão, são aqui. Achei importante trazer os meninos para participarem e presenciarem essa transformação que o clube vem passando", disse.
O botafoguense Gabriel Rocha, 31, afirmou que a reforma é importante para os alvinegros: "É um lugar que é histórico para a cidade, e que estava abandonado, precisando urgentemente dessa revitalização. É bom ter de volta a estátua, que é o símbolo do clube. Isso tudo ajudará na autoestima do botafoguense, que passou por maus bocados nos últimos meses, e ajuda muito também a economia da cidade”, avaliou o designer.
Alvinegro desde que nasceu, o administrador André Luiz Varela, 53, disse que a reinauguração do Manequinho simboliza mais uma etapa da reconstrução do time: "Passamos por tempos difíceis até a chegada da SAF, mas agora estamos tendo momentos que vêm marcando passo a passo a sua restauração. O Manequinho é simbólico, então renova a esperança do botafoguense para essa nova fase".
Já Daniele Veloso, 29, programadora, tornou-se botafoguense por conta do namorado. Antes, ela era flamenguista: "Estou muito orgulhosa, porque era uma obra que estava sendo preterida há muito tempo. Agradou bastante a torcida e a população da Zona Sul".
"É uma obra muito importante para o Botafogo e para a cidade, o Botafogo que resgata dois ícones nossos, o Manequinho e a Beth Carvalho. E incorporará, ainda, com o Museu do Botafogo, que será uma atração para turistas e moradores, virar um complexo na região. Eu estou muito feliz", disse Durcesio Mello, presidente do Botafogo.
O projeto do largo é de autoria de Ricardo Macieira, curador e coordenador do Museu do Botafogo e ex-secretário de cultura do Rio: "Essa intervenção no largo faz parte do conjunto das obras de implementação do Museu do Botafogo. É reurbanização para ter revalorização do Palacete de General Severiano, que tem uma importância enorme para a cidade do Rio, trazendo outro tipo de uso para o prédio é importante para a cultura carioca. Hoje, estamos felizes principalmente por entregar de volta à cidade o patrimônio histórico cultural revalorizado".
O palacete é um dos dois remanescentes do estilo arquitetônico neocolonial. O outro é o Palacete do Jockey Club, na Gávea, Zona Sul.