Anne Caroline morreu em junho do ano passadoReprodução

Rio - A Justiça Federal acolheu parcialmente a denúncia do Ministério Público Federal (MPF) contra os quatro policiais rodoviários federais acusados de envolvimento na morte da jovem Anne Caroline Nascimento Silva, de 23 anos, ocorrida em junho passado. Com o recebimento, os quatro agentes da PRF tornam-se réus no processo. No entanto, responderão em liberdade, uma vez que a 6ª Vara Federal Criminal do Rio negou o pedido de prisão preventiva.
O caso ocorreu durante uma blitz da Polícia Rodoviária Federal (PRF) na Rodovia Washington Luís (BR-040). Enquanto retornava de um restaurante ao lado do marido, a estudante de enfermagem foi atingida por um dos oito tiros de fuzil que alvejaram o veículo em que estavam.
Thiago da Silva de Sá, Jansen Vinícius Pinheiro Ferreira, Diogo Silva dos Santos e Wagner Leandro Rocha de Souza foram denunciados por homicídio qualificado, cuja pena pode chegar a até 30 anos de prisão, além de fraude processual, tentativa de homicídio e lesão corporal grave por negligência. Isso porque um dos tiros atingiu outro veículo e feriu de forma grave a diarista Claudia dos Santos, que sobreviveu.
Na decisão, a juíza federal Ana Paula Viera de Carvalho acatou as acusações de homicídio tentado e consumado, além da lesão corporal culposa, apenas em relação a Thiago da Silva de Sá e Jansen Vinicius Pinheiro Ferreira – Thiago como autor dos oito disparos de fuzil e Jansen por ter induzido o colega a efetuar os tiros.
Além disso, também foi aceita a acusação do MPF de fraude processual. Os quatro policiais, nesse contexto, responderão judicialmente por terem violado o dever funcional de isolar o local do crime e preservar os vestígios deixados na via e nos veículos envolvidos.
Segundo a denúncia, ao perceberem que havia uma pessoa ferida, um dos policiais assumiu o volante do veículo atingido e dirigiu para o hospital, seguido pela viatura da PRF, quando poderiam ter pedido reforços de um destacamento policial próximo para socorrer a vítima e, ao mesmo tempo, preservado o local do crime.
Em relação ao indeferimento da acusação de homicídio, tentativa de homicídio e lesão corporal grave culposa contra dois dos quatro policiais denunciados, o MPF avalia a possibilidade de recorrer da decisão ao Tribunal Regional Federal da 2ª Região. O órgão busca garantir que todos os envolvidos sejam responsabilizados de acordo com a gravidade dos fatos.
Medidas cautelares
Ana Paula Viera de Carvalho determinou que os quatro policiais não poderão se aproximar da viatura policial usada durante o crime até que seja periciada. Além disso, foi ordenado que eles evitem contatos com testemunhas e familiares das vítimas, para prevenir qualquer forma de intimidação ou ameaça.
Foi determinado ainda o afastamento dos réus de suas funções policiais, com a retirada de suas armas, embora possam ser realocados para tarefas administrativas na instituição. Segundo a PRF, os suspeitos estão afastados desde a época do crime.