Moradores de Niterói, São Gonçalo e região foram pegos de surpresa ao terem o fornecimento de água interrompido, nesta quarta-feira (3) Unsplash

Rio - Moradores denunciam que uma suposta empresa está aplicando golpes ao oferecer carros-pipa para entregar na Região Metropolitana do Rio, que sofre com a falta d'água por conta da contaminação do sistema Imunana-Laranjal. Ao todo, mais de dois milhões de pessoas em cinco municípios estão sendo afetadas desde quarta-feira (3).
Em conversa com o DIA, uma moradora de Niterói que preferiu não se identificar disse que pagou antecipadamente R$ 300 por 5 mil litros d'água, mas o fornecedor desapareceu após o pagamento ser efetuado.
O atendimento é feito online, por meio do aplicativo WhatsApp, e a foto mostra uma logo relacionada a um tanque d'água, o que pode ajudar a enganar o consumidor. Ao enviar a mensagem, o cliente recebe uma tabela de preços na qual pode solicitar de 5 mil a 30 mil litros por preços que variam entre R$ 300 e R$ 1.200. A suposta empresa ainda informa que, devido a grande quantidade de notificações, não está atendendo por ligação, apenas por mensagens.
Em seguida, o fornecedor pede o endereço do consumidor e afirma que a solicitação foi efetivada, informando que trabalha com o pagamento antecipado por PIX. Por fim, ressalta que não aceitam cartões ou cheques. Após o pagamento, o contato deixa de se comunicar com a vítima.
A concessionária Águas de Niterói, responsável pelo fornecimento de água em todo o município, informou que a população pode solicitar caminhões-pipa pelos canais de relacionamento. No entanto, reforçou que o atendimento está acontecendo prioritariamente para serviços essenciais, como hospitais. "A concessionária está com 40 caminhões-pipa abastecendo esses locais de maior necessidade", comunicou.
Entenda o caso
A Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio de Janeiro (Cedae) suspendeu, na madrugada da última quarta, a operação do sistema Imunana-Laranjal, que abastece os municípios de Niterói, São Gonçalo, Itaboraí, Inoã, Itaipuaçu e Ilha de Paquetá, após identificar a presença da substância tóxica tolueno na área de captação da água.
O tolueno é um composto químico que pode trazer vários danos à saúde, se ingerido ou inalado. Utilizada na fabricação de gasolina, cola, tinta e borracha, a substância pode causar irritação dos olhos, garganta e pele, além de fadiga e sonolência. Em casos mais graves, pode gerar insônia, náusea, perda de memória, entre outros sintomas.
Nesta quinta-feira, o Governo do Estado convocou uma força-tarefa para esclarecer dúvidas sobre o caso. Na ocasião, foi informado que a Cedae identificou que a contaminação veio da cidade de Guapimirim, na Baixada Fluminense, por meio de canais artificiais de drenagem de fazendas.
A Cedae informou que não há chance do composto chegar às casas da população, e que o abastecimento só será retomado quando a água estiver própria para consumo. Procurada, a Águas de Niterói afirmou, em comunicado, que o Imunana-Laranjal segue sem previsão de normalização, e recomendou que os moradores economizem água, evitando tarefas que não são essenciais.
Nas redes sociais, circulam vídeos de pessoas comprando grande quantidade de garrafas d'água por medo de desabastecimento.
Em decorrência da falta de água, alunos de escolas municipais de São Gonçalo e Niterói não tiveram aula nesta sexta-feira (5). A prefeitura de Niterói informou que o calendário foi interrompido em 13 unidades que foram mais afetadas, enquanto algumas ainda funcionam em meio período. Já em São Gonçalo, as aulas só vão retornar quando o abastecimento for normalizado.
Também nesta sexta, a Águas do Rio iniciou uma operação para abastecer unidades de saúde da Região Metropolitana do Rio, distribuindo 32 caminhões-pipa nas cidades afetadas.