Expectativa é que o equipamento atenda mil pessoas por diaCleber Mendes / Agência O Dia

Rio - Parado desde 2016, o teleférico da Providência, na região central do Rio, foi reinaugurado na manhã deste domingo (7). A estrutura estava em fase final de testes e foi devolvida aos carioca durante cerimônia com o prefeito Eduardo Paes. Segundo o município, o equipamento vai voltar a operar gradualmente, de terça a sexta das 8h às 12h, e aos sábados de 8h às 11h.
Com expectativa de atender mil pessoas por dia, o teleférico possui três estações e 16 gôndolas. De acordo com a prefeitura, os moradores do Morro da Providência vão contar com viagens que levam cerca de três minutos para subir das estações Gamboa ou Central até o topo do morro, na estação Américo Brum. 
Moradora da comunidade desde que nasceu, a professora Elisângela Pedroza, de 43 anos, contou que durante esses últimos 8 anos, sentiu falta do teleférico, que facilitava na rotina. "Sentimos falta, pois já estávamos acostumados com essa facilidade, os idosos que precisavam ir à clínica da família e dependiam de transporte contavam com ele e já desciam dentro da clínica. Sem o teleférico, tínhamos que passar pelo túnel e confesso que não me sinto à vontade ao passar por lá, me causa um certo desconforto e o teleférico me proporciona um alívio! Com certeza vai facilitar e muito a minha vida e a de muitos moradores", ressaltou a professora.

Inaugurado em julho de 2014, com o objetivo de facilitar o deslocamento, a estrutura está desativada desde dezembro de 2016. A partir de 2017, a administração municipal, chefiada por Marcelo Crivella, não renovou o contrato, e o equipamento permaneceu parado. Em 2021, a prefeitura carioca iniciou o processo de retomada. Em meados de 2022, foi feita a licitação, e as obras começaram em seguida quando a empresa austríaca Doppelmayr, fabricante do equipamento, foi contratada para revitalização e substituição das partes elétrica e de automação. 
"Primeiro eu vejo com tristeza toda vez que a gente tem que entregar uma coisa que a gente já entregou antes. Então, quando a gente inaugura um teleférico desse, a gente consegue ver o que maus governos podem significar para a vida das pessoas. Estamos trabalhando nisso aqui desde o dia que eu voltei pra prefeitura, são três anos. Mas também é um motivo para celebrar porque as pessoas vão voltar a ter uma mobilidade adequada", ressaltou o prefeito Eduardo Paes. 
E para a auxiliar de serviços gerais, Janaína Campos, de 47 anos, que trabalha na Clínica da Família Nelio de Olveira, ao lado da estação Américo Brum, a expectativa não é diferente. Sem o teleférico, a moradora de Campo Grande, na Zona Oeste, precisava caminhar por 20 minutos até chegar no trabalho. Com a reinauguração do equipamento, o trajeto será muito mais rápido.
"Essa retomada vai me facilitar muito porque antes eu atravessava o túnel e agora vou pegar o teleférico na Central e descer na clínica, antes eu demorava 15 minutos andando e agora vou demorar 2. É um marco pro pessoal da comunidade e pra quem trabalha perto. Nem deveria ter parado, mas a obra foi rápida até e hoje é uma alegria. Agora, a expectativa é andar de teleférico pra lá e pra cá, com essa vista então", brincou.
O técnico de segurança do trabalho, Sílvio Ronaldo, de 53 anos, pôde participar da restauração do teleférico durante um ano. De acordo com ele, a reinauguração do equipamento é muito importante para todos os moradores da comunidade.
"Quando foi inaugurado na primeira vez, foi muito bom, mas tiveram problemas que ocasionaram na paralisação e de novo ele está aqui reformado. Nós temos uma comunidade muito íngreme, com ladeiras e escadarias, então para os moradores subir e descer sem precisar pagar mototáxi ou kombi é muito bom. Só quem é morador sabe o quanto era difícil descer e subir aqui. Hoje, chegar e ver o teleférico com crianças indo pra escola, os idosos podendo ir no mercado, isso é muito importante", ressaltou Sílvio.
Primeira favela do Brasil
O Morro da Providência é considerada a primeira favela do Brasil. Ela foi formada no fim de 1897, com o retorno de ex-combatentes da Guerra dos Canudos, na Bahia, ao Rio, e o fluxo migratório de ex-escravizados após a Abolição, em 1888. Sem o apoio do governo, alojamentos começaram a ser improvisados na região, dando início à ocupação.