Barqueiros acionam o corpo de Bombeiros para procurar um homem desaparecido no mar, que estava em um barco quando foi atingido por um flexboat Divulgação/reprodução rede social

Rio - Após o acidente que vitimou o pescador Ernani Duarte, de 70 anos, na segunda-feira (20), em Mangaratiba, na Costa Verde do Rio, Samira Oliveira, de 34 anos, que estava no flexboat - um peqeuno modelo de lancha -, disse que o condutor não estava prestando atenção na direção.
"Eu estava no flexboat que matou o pescador. A história que contaram foi mentira! O mar estava tranquilo, o tempo estava mudando sim, mas o condutor assumiu todo risco, pois ele acelerou em velocidade máxima, sentou e ficou ouvindo áudio no whatsapp", disse a mulher, indignada.
A colisão aconteceu entre um flexboat e um barco, que era ocupado por Ernani e um outro homem, na noite de segunda. Ele ficou desaparecido no mar até a manhã desta terça-feira (21).
De acordo com relato de Samira ao DIA, o acidente só ocorreu por imprudência do condutor, que fugiu sem prestar socorro ao pescador e auxílio aos passageiros.
"Ele não nos ajudou, todos estavam sem coletes. Tinham três crianças [no flexboat]. Minha filha, de 11 anos, quase quebrou o nariz, o outro de 3, que cortou a boca, e mais uma de 13", disse.
Ela ainda disse que o condutor foi alertado por um outro homem do perigo que todos estavam correndo: "O outro cara que estava com ele gritou: 'Olha o barco, o barco' e aí nesse instante sofremos uma pancada muito forte. Foi horrível, nós batemos de um lado para o outro".
Diogo Ferreira, de 36 anos, marido de Samira, ajudou os demais passageiros a colocar o colete e serem resgatados.
"Eu me levantei na hora, minha filha e minha mulher estavam desesperadas. Gritei para o pessoal colocar colete salva-vidas porque não havia nenhuma instrução de uso de colete salva-vidas nem na ida, nem na volta, não houve instrução", assumiu.
Diogo lembrou que o flexboat parou em cima do barco depois da colisão.
"Até a colisão, esse rapaz [o condutor] estava no celular o tempo todo. Ele bateu no meio do barco, que afundou. E a lancha, quando parou, ela estava em cima do barco, que já estava na parte de trás com os dois motores", confessou.
O casal viu o momento em que um dos pescadores, ensanguentado, saiu debaixo do flexboat e falou que havia um outro homem ali. Segundo eles, havia 12 pessoas voltando de um passeio na embarcação e, no momento da colisão, já era noite.
O acidente ocorreu na altura da Ilha Vigia, em Itacuruçá. O barco atingido estava navegando sentido a Ilha Grande. O Corpo de Bombeiros e Capitania dos Portos de Mangaratiba foram acionados por populares.
Os passageiros foram levados para o píer de Conceição de Jacareí e, após um tempo aguardando pelo condutor, foram informados de que ele havia fugido sem prestar nenhum tipo de assistência.
"Não recebemos nenhum tipo de apoio, a empresa que contratamos o passeio alegou que o condutor tem 3 cursos com a marinha e que é experiente. Mas era nítido que não, ele não nos ajudou em nada, não se preocupou com a gente e muito menos com o cara que ele matou. O dono da empresa não fez nada para reparar o dano causado a nós, simplesmente pediu desculpas e disse que não tem o que fazer", alegou Samira.
E ainda completou: "Estamos abalados, meu marido tomou um remédio para dormir na noite passada, minha filha está indo para escola agora, mas com muita dor no corpo ainda e sentindo fraqueza, pois vomitamos muito depois de voltar para a pousada, acredito que foi o susto. Foi horrível, estou há duas noites sem dormir bem, tive pesadelo".
Ainda de acordo com a família, nesta quarta-feira (22), a empresa responsável pelo flexboat fez o reembolso do valor da viagem de volta, momento em que ocorreu o acidente.
A empresa Vilanova Tour, responsável pela embarcação, a Capitania dos Portos e os Bombeiros foram procurados, mas não responderam aos questionamentos. O espaço está aberto para manifestações.