Douglas da Costa chegou a ser socorrido, mas não resistiuRede Social

Rio - O motorista de aplicativo e estudante de enfermagem Douglas da Costa, de 38 anos, será sepultado na tarde desta terça-feira (28), no Cemitério do Murundu, em Realengo, na Zona Oeste. Ele foi morto ao ser baleado por um vizinho após uma briga por vaga de garagem em Santíssimo, na tarde de domingo (26).
Familiares da vítima estiveram no Instituto Médico Legal (IML) para realizar a liberação do corpo na manhã desta segunda-feira. De acordo com Jéssica Ismael Coutinho, mulher de Douglas, o estudante de enfermagem e o vizinho já haviam discutido anteriormente porque o marido dela estacionou o carro em frente à garagem do suspeito, mas prometeu que isso não voltaria a acontecer. 
No dia do crime, o automóvel de Douglas estava emprestado para um colega, que acabou estacionando no local, por volta das 12h, por acreditar que a vítima já sairia para trabalhar. Pouco tempo depois, a mulher recebeu um telefonema pedindo para que tirassem o veículo do local. Jéssica relatou que quando o amigo desceu para tirar o carro, encontrou o vizinho, identificado como Mazinho, esvaziando os pneus e chamou Douglas, que foi tirar satisfações.
Durante a briga, o vizinho teria dito que se o estudante "fosse homem", estacionaria no local outra vez. A mulher viu o momento em que o marido dava ré e o carro foi alvejado de raspão por um tiro. Assustado, o motorista saiu e se escondeu atrás do automóvel, mas foi baleado nas costas. O atirador ainda teria oferecido socorro à vítima.
"O Mazinho olhou para mim e falou assim: 'se você quiser, eu te ajudo a socorrer ele, botar ele dentro do carro'. Eu falei: 'não quero que você encoste no meu marido, só quero que você seja preso, seu assassino'", disse a mulher.
Douglas chegou a ser levado para o Hospital Municipal Albert Schweitzer, em Realengo, mas não resistiu ao ferimento. Mazinho conseguiu fugir e ainda não foi localizado. A mulher diz que teme voltar para casa.
"Eu estou insegura, estou com medo do que pode acontecer comigo, porque foi um vizinho que mora no meu bairro, um vizinho que não é 'polícia', não é nada e tem uma arma. Eu não sei o que pode acontecer comigo, com meu filho, com minha família. Eu tenho que entrar, tenho que sair, tenho duas crianças e estou sozinha, estou sem o Douglas, que era minha segurança, que era quem estava comigo o tempo todo, que era quem me protegia", desabafou Jéssica.
Ainda de acordo com a mulher, policiais a informaram que Mazinho já tem uma anotação criminal. Além disso, ela contou que ele tem um histórico de agressividade.
Douglas já havia trabalhado como motorista de ambulância e a paixão pela área da saúde o fez iniciar o curso técnico de enfermagem. Ele era estagiário no Hospital Municipal Albert Schweitzer e havia feito a última prova no sábado (25).
"Ele estava tão feliz que tinha conseguido realizar o sonho dele", disse Jéssica. "[O Douglas] era a melhor pessoa do mundo, ele era uma pessoa brincalhona, ele era alegre, um ótimo pai, um ótimo marido", descreveu.
De acordo com a Polícia Civil, inicialmente o caso foi registrado na 35ª DP (Campo Grande) e depois transferido para a Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). As investigações estão em andamento para esclarecer todos os fatos.
Além de Jéssica, Douglas deixa um filho de 1 ano e sete meses. "Eu quero justiça, que o Mazinho seja preso e fique [na prisão], porque o que eu mais vejo é a pessoa chegar na delegacia, só prestar um depoimento e sair. Se ele não for preso, eu não sei nem o que pode ser de mim. Eu quero justiça, quero que ele pague pelo que fez com meu marido, que aprenda a ser uma nova pessoa, porque ele não é um ser humano. Para mim, uma pessoa que faz isso não é um ser humano", disse Jéssica.