Rio – Em novo ato de protesto, grevistas se reuniram em frente ao Hospital Federal dos Servidores do Estado, no Bairro Saúde, na Zona Portuária do Rio, na manhã desta quarta-feira (29). Ao DIA, Adriano Ribeiro dos Santos, membro do comando de greve da unidade, explica que categoria ainda espera a instalação de uma mesa de negociação com o Ministério da Saúde. O movimento, no entanto, não tem agradado pacientes, que estão com serviços suspensos há 15 dias.
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Uma das pacientes insatisfeita com a situação é a dona de casa Ellen Pimentel da Silva Soares, 41 anos, que tinha consulta marcada com nutricionista e endocrinologista nesta manhã.
"Não foi avisado para ninguém, só quando nós chegamos na frente do hospital. Só deram um papel e falaram para gente voltar quando a greve acabar, mas a gente não sabe quando, falaram para acompanhar pela TV e vir remarcar. A minha consulta já estava marcada há uns três meses", relatou.
Ellen, que mora em Sepetiba, na Zona Oeste do Rio, comentou ainda todo o gasto e transtorno sofrido para no final não ser atendida. “Fora todo gasto de passagem e tempo é muito constrangedor, porque além de gastar passagem vindo pra cá e não ter consulta eu vou ter que vir aqui pessoalmente de novo marcar consulta pra depois voltar para ser atendida”, disse.
Segundo os servidores, a greve tem sido amplamente divulgada nas redes sociais e nos canais de comunicação e ocorre por tempo indeterminado. Em um folheto divulgado na porta da unidade, eles justificam que "Greve nos hospitais federais é em defesa do seu direito a saúde".
Ainda de acordo com o membro do comando de greve da unidade, Adriano Ribeiro, nada tem sido feito pelo Ministério da Saúde. "Eles não instalaram efetivamente a mesa de negociação, o que eles têm feito são reuniões 'fakes' pra dizer que estão em processo de negociação, mas até agora nada de efetivo. A gente não tem nenhum movimento deles ainda no sentido de estar dando solução e de estar sentando para discutir as pautas da greve", reclamou.
Adriano reforça que a categoria tentou por meses uma solução antes de iniciar a greve. "O Ministério da Saúde já está ciente, antes do início da greve, das nossas reivindicações. Nós temos termos de acordo desde o ano passado que passaram nove meses no processo de negociação e que até hoje não tem nenhuma solução, o que foi um dos motivos para aderirmos a greve", disse.
Apesar da paralisação, está sendo realizada uma triagem dos pacientes. "Estamos vendo quem tem atendimento prioritário dentro das necessidades, como paciente com câncer, hemodiálise e distúrbio de coagulação são casos que a gente tem prioritariamente que atender", relatou Adriano.
Além do Hospital Federal dos Servidores estão em greve as unidades Cardoso Fontes, na Zona Oeste, Andaraí e Bonsucesso, na Zona Norte, Lagoa e Ipanema, na Zona Sul.
Segundo o Sindicato dos Trabalhadores em Saúde, Trabalho, Previdência e Assistência Social no Estado do Rio (Sindsprev/RJ)), dentre as reivindicações, os profissionais são contra a divisão da gestão das unidades entre a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), o Grupo Hospitalar Conceição, o Governo do Estado e a Prefeitura do Rio, o que chamaram de "fatiamento".
Além disso, eles reivindicam orçamento que dê condições aos hospitais de prestar atendimento à população e realização de concurso público para cobrir o déficit de pessoal, atualmente em torno de 60%, bem como prorrogação de todos os Contratos Temporários da União (CTUs), até a realização de concurso. Os funcionários querem também a transferência para a carreira da Ciência e Tecnologia; o cumprimento do acordo de greve de 2023; pagamento do adicional de insalubridade em grau máximo e do piso da enfermagem em valores integrais.
Anteriormente, o Ministério da Saúde havia informado que recebeu os pleitos dos referidos sindicatos, "com os quais reforça o compromisso de manter o diálogo e se disponibiliza para ouvir todas as reivindicações da categoria, como tem realizado desde a instalação do Comitê Gestor".
No entanto, procurado novamente, o órgão ainda não se pronunciou.
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