Rio - A Polícia Civil investiga se Júlia Andrade Cathermol Pimenta, suspeita de matar o namorado envenenado, comprou a caixa de um remédio controlado sem receita na farmácia próxima à casa da vítima. As investigações apontam que a foragida teria colocado 50 comprimidos moídos de dimorf de 30mg no brigadeirão ingerido pelo empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond. No entanto, para ser vendido, o medicamento, que é à base de morfina, necessita de receita.
O gerente da farmácia do bairro é aguardado para prestar depoimento sobre a venda desse medicamento, e também de um outro remédio, Clonazepam, na segunda-feira (3).
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A morfina é uma substância entorpecente, o que a coloca no grupo de medicamentos com as regras de prescrição mais restritivas do Brasil, segundo a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O medicamento dimorf de 30mg custa, em média, R$ 126 e só pode ser vendido com receita.
A informação que esse medicamento teria sido usado para dopar Luiz Marcelo surgiu após o depoimento da cigana Suyany Breschak na 25ª DP (Engenho Novo). Segundo Suyany, ela soube da morte por telefone no dia 18 de maio, através de Júlia, que detalhou ter feito dois brigadeirões — um deles com 50 comprimidos moídos de dimorf de 30mg.
Efeitos do medicamento
O remédio em questão também contém um opioide usado no tratamento de dores intensas que não respondem a analgésicos menos potentes. De acordo com a bula do medicamento, a morfina age no sistema nervoso central e alivia a dor ao se ligar aos receptores no cérebro e na medula espinhal. Os efeitos adversos mais comuns são sonolência, constipação, náuseas, vômitos e retenção urinária.
Se ingerido em altas dosagens, o medicamento pode até provocar convulsões, e não deve ser usado junto de álcool e de outras substâncias depressoras como anti-histamínicos e sedativos.
Relembre o caso
Luiz foi encontrado morto dentro do apartamento onde morava com Júlia, no bairro Engenho Novo, na Zona Norte do Rio, no último dia 20. Ele não era visto, contudo, desde o dia 17. De acordo com o laudo cadavérico, ele morreu três ou seis dias antes do corpo ser localizado. Segundo as investigações da 25ª DP, Júlia dormiu ao lado do cadáver do namorado durante o fim de semana e, na segunda-feira (20), fugiu do apartamento levando pertences do empresário e o carro dele.
No decorrer do inquérito, os agentes apuraram que a namorada de Luiz Marcelo, com a ajuda da cigana, se desfez dos bens. O veículo foi levado para Cabo Frio, na Região dos Lagos, após supostamente ter sido vendido por R$ 75 mil. Abordado pelos policiais, o homem que estava com o carro chegou a apresentar um documento escrito à mão, que ele disse ter sido assinado pela vítima, transferindo o bem. Com o mesmo homem, foram encontrados o telefone celular e o computador de Luiz Marcelo. Ele foi preso em flagrante por receptação.
Os agentes, então, chegaram à cigana após depoimento do suspeito.
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