Trio foi preso em imóvel invadido onde funcionava boca de fumo na Cidade NovaReprodução

Rio - Três traficantes acusados de extorquir o dono de um estacionamento no Centro do Rio, foram presos em flagrante, nesta quarta-feira (5), em ponto de venda de drogas na Cidade Nova. De acordo com a Polícia Civil, as prisões de Rodrigo Mendonça de Carvalho, Felipe Ferreira Franco e João Tomaz da Silva fazem parte de uma ação que mira atuação da facção Terceiro Comando Puro (TCP) que atua no Complexo de São Carlos. Além da prisão, agentes também cumpriram mandado de busca e apreensão no presídio em Bangu , onde o líder do tráfico nas comunidades está preso.
O trio foi preso em boca de fumo que funcionava dentro de vila de casas também invadida pela facção na Rua Laura de Araújo, na Cidade Nova. Com o trio, preso em flagrante por tráfico, associação para o tráfico e posse ilegal de armas, os agentes encontraram duas pistolas, carregadores, cinto tático, celulares e drogas. A atuação do bando já vinha sendo monitorada desde janeiro deste ano, quando o grupo extorquiu dono de estacionamento na região. 
Segundo os investigadores, os criminosos ameaçaram um empresário exigindo o pagamento mensal de R$ 5 mil para que a vítima seguisse trabalhando no local, que também fica na Rua Laura de Araújo, esquina com Rua Santa Marta, na Cidade Nova, Rio de Janeiro. O homem teria se recusado a pagar o valor e proposto uma quantia menor, de R$ 1 mil, que acabou não sendo aceita pelos bandidos. A partir daí, o dono do estacionamento passou a ser ameaçado, decidindo abandonar o trabalho. O caso aconteceu em janeiro deste ano. 
Com a saída do empresário, que alugava o espaço, outros dois integrantes da facção que participaram da extorsão assumiram a administração de forma criminosa do estacionamento. O empreendimento chegou a ser devolvido ao proprietário após ação da Polícia Civil, mas o antigo dono, responsável pela denúncia, não quis retornar para o local. Duas pessoas que administravam o espaço foram conduzidas para prestar depoimento, mas não foram presas. 
Mandado de busca e apreensão
Toda a ação de Rodrigo e dos outros dois traficantes presos nesta quarta-feira teria sido tomada a mando do traficante o traficante Anderson Rosa Mendonça, o "Coelho", que cumpre pena na Penitenciária Industrial Esmeraldino Bandeira, no Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, Zona Oeste.
O Complexo do São Carlos é formado pelo Morro do São Carlos, Mineira, Zinco e Querosene, havendo um gerente do tráfico em cada uma dessas localidades, todos subordinados hierarquicamente ao traficante “Coelho”.

Por ordem do traficante “Coelho” e demais lideranças a ele vinculadas, todos os crimes são cometidos pela organização criminosa, motivo pelo qual foi representado e cumprido mandado de busca e apreensão na cela onde cumpre pena. Os grupos liderados pelo traficante também atuam sobre a prestação de serviços (água, gás, internet, etc), invasões e roubo de imóveis particulares na região, além da lavagem de dinheiro por meio de atividades lícitas desenvolvidas em nome de laranjas.
Diante da suspeita de atividade de liderança tomada de dentro da cadeia, agentes da Polícia Civil também cumpriram mandado de busca na unidade prisional. A ação resultou na apreensão de um celular, no Pavilhão 7, onde Coelho está sob custódia. 
 
Modus operandi

Segundo os investigadores da Polícia Civil, a tática de invasão e controle de imóveis na região da Cidade Nova adotada pelos traficantes do Complexo de São Carlos já acontece há um bom tempo e impacta diretamente no mercado imobiliário.
Crime no São Carlos

O Complexo do São Carlos é dominado pela facção Terceiro Comando Puro (TCP) e vem sendo palco de disputas e guerras entre grupos criminosos rivais. Tem como dono do tráfico Anderson Rosa Mendonça, alcunhado “Coelho”, que atualmente está preso. Apesar de cumprir pena, o criminoso continua ditando ordens para as comunidades. 
Abaixo dele no primeiro escalão hierárquico estão os traficantes Rafael Carlos da Silva Ferreira, vulgo “Parazão”, Leonardo Miranda da Silva, vulgo “Empada” e Marcílio Cherú de Oliveira, vulgo “Cheru ou Menor Cheru”, todos foragidos e investigados por diversos crimes.

Segundo a Polícia Civil, sob o comando dos líderes, a organização atua não apenas com a venda de entorpecentes, mas também cometendo roubos e “clonagens” de veículos, roubos de cargas, onde o material é repassado dentro das favelas. Há também práticas de extorsões a comerciantes, obrigados ao pagamento de taxas, “sequestros” com as vítimas sendo levadas para dentro da comunidade com objetivo de fazer transferências bancárias.