Júlia Andrade Cathermol foi transferida para presídio na tarde desta quarta-feira (5) Reginaldo Pimenta/Agência O Dia

Rio - Após a prisão de Júlia Andrade Cathermol, de 29 anos, principal suspeita de matar o empresário Luiz Marcelo Antônio Ormond, de 49, com um brigadeirão envenenado, a Polícia Civil tenta agora compreender a motivação e circunstâncias do crime para concluir o inquérito. A 25ª DP (Engenho Novo) conseguiu refazer os passos do casal antes da morte da vítima, além de prender outras duas pessoas envolvidas no plano. Câmeras de segurança do prédio da vítima e depoimentos de pessoas próximas aos envolvidos ajudaram na investigação.
Veja o que se sabe até o momento:
- A suspeita começou a se relacionar com o empresário ainda em 2013. À época, Júlia tinha apenas 18 anos enquanto Marcelo tinha 34. Os dois ficaram juntos até 2017, quando se separaram, mas voltaram a se falar em março deste ano. Júlia teria procurado Luiz que, inclusive, teria cogitado formalizar uma união estável com a suspeita. Os dois passaram a morar juntos no apartamento da vítima, no bairro Engenho Novo, na Zona Norte.
- Luiz Marcelo foi encontrado morto dentro do apartamento, no dia 20 de maio. O laudo cadavérico concluiu que o empresário foi morto três ou seis dias antes do corpo ser localizado.
- A principal linha de investigação da 25ª DP (Engenho Novo), responsável pelo caso, aponta que Júlia deu um brigadeirão com 50 comprimidos moídos de dimorf de 30mg, um remédio controlado, à vítima. Imagens do circuito interno do prédio mostram Luiz Marcelo sonolento ao conversar com Júlia, o que para a polícia mostra que ele já teria sido envenenado no dia 17 de maio.
- O corpo de Luiz Marcelo foi encontrado no dia 20 de maio e Júlia fugiu do apartamento nesta mesma data levando pertences da vítima, incluindo carro e duas armas. Os investigadores dizem que Júlia chegou a dormir ao lado do cadáver durante todo o fim de semana. No dia 22 de maio, a suspeita prestou depoimento na delegacia, mas não foi presa. Segundo o delegado, não havia base legal para a detê-la. Na distrital, ela disse que foi agredida pelo namorado no dia 18 e por isso saiu de casa.
- No decorrer do inquérito, os agentes apuraram que a namorada de Luiz Marcelo, com a ajuda da cigana Suyane Breschak, se desfez dos bens do namorado, inclusive de seu carro. O veículo foi levado para Cabo Frio, na Região dos Lagos, após ter sido vendido por R$ 75 mil. Abordado pelos policiais, o homem que estava com o carro chegou a apresentar um documento escrito à mão, que ele disse ter sido assinado pela vítima, transferindo o bem. Com o mesmo homem, foram encontrados o telefone celular e o computador de Luiz Marcelo. Ele foi preso em flagrante por receptação, mas pagou fiança e foi liberado.
- A polícia descobriu também que Júlia tinha uma dívida de R$ 600 mil com a cigana, por isso entregou os bens a ela. O delegado Marcos André Buss, Suyany passou a considerar a cigana como a mandante da morte do empresário, já que tinha grande influência sobre a vida de Júlia. "A Júlia tinha por Suyany uma grande admiração, uma verdadeira veneração. O que nós sabemos e está sendo confirmado é que ela fazia pagamentos mensais para Suyany, não sabemos exatamente o porquê", explicou Buss nesta quarta-feira (5).
- Enquanto era procurada, Júlia se escondeu em um hotel no Centro do Rio. Ela deu entrada no local na noite do último dia 28, horas antes de ser considerada foragida, e apresentou um nome falso de Lilia Mara Schneider para fazer a reserva.
- Após uma semana foragida, Júlia se entregou no fim da noite de terça-feira (4) à polícia. Ela chegou na 25ª DP acompanhada da advogada e preferiu se manter em silêncio. A suspeita foi transferida para o presídio de Benfica, na Zona Norte, nesta quarta-feira (5), e teve a prisão mantida. 
Quem é Júlia Carthemol?
Júlia Andrade Cathermol Pimenta, de 29 anos, é formada em psicologia e tem registro no Conselho Nacional da área desde 2021. Na área de formação, Júlia afirmou a policiais que clinicou por pouco tempo, mas que vinha sem atuar profissionalmente nos últimos anos. Além da psicologia, a suspeita também trabalharia como garota de programa.

Filha de Carla Cathermal Faria e enteada do policial civil aposentado Marino Bastos Leandro, Júlia também contava com a ajuda financeira do pai biológico. Segundo investigadores, a suspeita recebe uma pensão de pouco mais de R$ 2 mil do pai.