Biblioteca conta com cerca de 3 mil títulos disponíveis Renan Areias / Agência O Dia

Rio - Com cerca de 3 mil livros, a Biblioteca Lúcio Rangel foi inaugurada nesta quarta-feira (26), no Centro da Música Artur da Távola, na Tijuca, Zona Norte do Rio. O espaço, que leva o nome do jornalista considerado pai da crítica musical, conta com diversos títulos retirados de seu acervo pessoal e doados por sua filha, Maria Lúcia Rangel.

"Eu doei o acervo de música popular e jazz. Estou muito feliz, até porque eu não tenho filhos e não tenho para quem deixar. Então, estou deixando para todo mundo. Todos vão ter a possibilidade de ler um livro desses, que são coisas que estão sumindo", destacou Maria Lúcia.

Além dos livros de Rangel, também há títulos recentes e histórias infantis disponíveis para leitura. O espaço faz parte do programa Bibliotecas do Amanhã, que visa revitalizar e modernizar bibliotecas e salas de leitura da rede municipal. A inauguração também é uma das entregas antecipadas do calendário da Capital Mundial do Livro, título dado ao Rio pela Unesco em 2023 e que será efetivado a partir de abril de 2025.

"A Biblioteca Lúcio Rangel, aqui no coração da Tijuca, é especializada em música e está linda, com uma infraestrutura incrível e projeto incríveis. Temos um acervo rico, de uma infraestrutura confortável, bonita e que está pronta para receber todos os cariocas", contou Ladia Araújo, gerente de livro e leitura da Secretaria Municipal de Cultura.

As amigas Cristina Caldas e Fátima Praxedes moram na Tijuca, frequentam o Centro da Música Artur da Távola e acompanharam a inauguração da biblioteca. "Leitura é essencial para a cultura brasileira. Eu sou bibliotecária e vim prestigiar o novo espaço", disse Cristina. "Todo lugar deveria ter uma biblioteca", completou a professora aposentada Fátima.

Antes da abertura oficial, houve uma apresentação de jazz da dupla Lívia e Fred. Também estiveram no evento o subprefeito da Grande Tijuca, Felipe Quintans, e o secretário municipal de Cultura, Marcelo Calero.

"Muitas vezes, na crueldade da desigualdade brasileira, as pessoas têm medo, têm vergonha de ir ao museu, ao teatro. Nas bibliotecas, todo mundo está sempre muito familiarizado com o conceito, por mais humilde que seja a trajetória. A escola sempre tem uma sala de leitura, um cantinho de leitura", explicou Calero, que enxerga as bibliotecas como espaço para produção de cultura.

O Centro da Música Carioca Artur da Távola é um imóvel datado de 1921, tombado pelo município, e fica na Rua Conde Bonfim, 824. O espaço foi reformado para receber o acervo de Lúcio Rangel.

"A gente tem que criar um lugar para armazenar e ter formas de mostrar o livro, mas também buscar meios de se relacionar com ele. Então, as meninas (da equipe) foram em busca de milhões de referências e coisas que a gente já tinha feito em alguns lugares, e reinterpretaram. O espaço é lindo, tem os vitrais lindos que estavam escondidos pela exposição que havia anteriormente", contou Bel Lobo, responsável pelo projeto de arquitetura.

"A ideia era respeitar a casa realmente. Valorizar essa arquitetura maravilhosa daqui, e fazer intervenções que não brigassem. Então, usamos materiais como madeira e cor branca para destacar a casa", pontuou a arquiteta Thaís Buarque.

A Biblioteca Lúcio Rangel pode ser visitada de terça-feira a domingo, das 10h às 17h. A entrada é gratuita. Os livros ainda não estão disponíveis para aluguel, já que ainda serão catalogados e identificados pela equipe.
Quem foi Lúcio Rangel

Lúcio Rangel foi um jornalista e defensor da música popular brasileira no século XX. Ele foi responsável pelo lançamento da Revista da Música Popular, publicada entre 1954 e 1956 e ficou conhecido como pai da crítica musical.

Rangel apresentou os artistas Tom Jobim e Vinicius de Moraes, em 1956, na Casa Villarino, onde teve início o projeto da peça "Orfeu da Conceição".

Lúcio morreu em 1979 e deixou uma coleção de livros, agora administrados pela sua filha Maria Lúcia Rangel.
*Reportagem da estagiária Bruna Bittar, sob supervisão de Thiago Antunes