O mural em homenagem a J. Borges tem 24 m²Reginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio – J. Borges, um dos maiores nomes da xilogravura, técnica artística de gravura em madeira, foi homenageado durante a celebração do Arraiá do Museu do Pontal, na Barra da Tijuca, Zona Oeste do Rio, neste sábado (29), com a inauguração de um painel de 24 m² baseado na Asa Branca, um dos seus temas preferidos. O local recebe a mostra "O Sol do Sertão", com mais de 200 obras do xilógrafo em exposição.
O painel foi pintado pelo filho do artista, Pablo Borges, 30 anos, que esteve presente no lugar do pai. Em conversa com o DIA, ele elogiou o evento. "Infelizmente, por questões de saúde, ele [J. Borges] não pode vir, mas está bem, em casa. É uma das maiores exposições já feitas com as obras dele. Vários colecionadores cederam obras para essa exposição. Além disso, o Museu do Pontal está organizando essa festa totalmente ilustrada por ele. É de uma importância muito grande e ele recebe isso com muito orgulho", celebrou.
"No Nordeste, no Brasil e no mundo inteiro, o legado dele aterrissou. Ele rompeu fronteiras e eternizou o próprio nome para os outros seguidores e xilógrafos que o tem como referência", disse Pablo, que herdou do pai o interesse por xilogravura. O artista tinha sete anos quando fez a sua primeira obra.
José Francisco Borges nasceu em 20 de dezembro de 1935 na cidade de Bezerros, em Pernambuco, e iniciou a técnica na década de 1960. De lá para cá, já fez exposições em diversos países. Ele recebeu o título de cidadão honorário do Rio de Janeiro, cidade em que fez mais de 50 mostras, entregue pela vereadora Luciana Boiteux (PSOL).
"Apesar de morar no agreste pernambucano, seu impacto no cenário cultural do Rio de Janeiro é inegável. Suas exposições e participações em eventos culturais na cidade atraíram um grande público, contribuíram para o enriquecimento do ambiente cultural carioca", colocou a vereadora.
A trajetória do artista foi enaltecida por um dos diretores do museu e curador da mostra, Lucas Van de Beuque. "O J. Borges é, hoje, um dos principais artistas brasileiros e da classe popular. Ele criou uma estética que a gente entende como xilogravura brasileira. Ele tem 88 anos, já fez exposição no Louvre (França), Estados Unidos, Venezuela, Suíça, no mundo todo. Agora, ele está tendo a maior exposição da vida", exaltou.
O Arraiá do Museu do Pontal busca resgatar as origens das festas juninas, com a presença de barracas que vendem comidas típicas do Nordeste, como a canjica e bolo de milho. A festa conta com brincadeiras para as crianças, como a clássica pescaria com bonecos de peixes, além de repetentes e a da literatura de cordel, realizada por Victor Lobisomem. Há, no local, uma grande fogueira, que é acesa à noite.
Entre as pessoas que curtiram, neste sábado, o evento com suas famílias, estava o jogador de basquete Olivinha. O atleta fez parte do time do Flamengo e foi bicampeão intercontinental pelo clube. Ele se aposentou neste mês, após as finais da NBB.
"Eu moro aqui perto. Agora que tenho um pouco mais de tempo, estou aproveitando ao máximo. Estou sempre prestigiando esse evento, que é bem completo, com comidas típicas, com cantores, repentistas. Tá bem legal aqui. Estou curtindo bastante", contou.
A professora de artes Elba Santos, 38 anos, não podia perder a exposição por nada. Ela é tão fã do J. Borges que tem uma tatuagem de uma xilogravura em sua perna. "Eu adoro a proposta do Arraiá. Sou professora de artes, então esse é um meio que eu busco inspiração para as minhas aulas, e é cultura para o meu filho. Então, eu estou sempre em busca desse tipo de evento cultural", comentou.
Quem curtiu em família foi o empresário Paulo Ricardo Florentino, 41, que se divertiu dançando forró com a esposa, Patrícia, e a filha, Poliana. "É nossa segunda vez no museu. Uma vantagem cultural, para quem quiser consumir cultura, é só sentar. Acho isso sensacional", afirmou.
As celebrações continuam neste domingo (30), a partir das 10h. Ao longo do dia, a festa contará com atrações como ciranda, boi bumbá, teatro de mamulengos, apresentações de repentistas, um cinema de fachada, uma oficina de forró, entre outras atividades.