Rio - A 8ª Câmara Criminal do Tribunal de Justiça do Rio negou os recursos apresentados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro contra a absolvição de Fabio Raposo Barbosa, um dos acusados pela morte do cinegrafista Santiago Andrade. Além disso, Caio Silva de Souza, condenado por disparar o artefato que matou a vítima, teve a pena reduzida de 12 para quatro anos, em regime aberto.
As informações foram passadas ao DIA pela advogada que representa a família do cinegrafista, Carolina Heringer. O objetivo da acusação (Ministério Público e defesa) era que o Fabio, absolvido pelo crime, retornasse ao III Tribunal do júri, onde a juíza Tula Corrêa de Mello daria uma nova sentença. No mesmo dia, um recurso da defesa de Caio pedindo a diminuição da pena também foi julgado.
"Os desembargadores negaram recurso do MP para submeter o Fábio a novo júri e proveram, em parte, o recurso do Caio, diminuindo a pena dele para 4 anos em regime aberto. Os desembargadores consideraram que não havia elementos para fixar a pena no máximo legal, conforme feito pela juíza. Um dos fatores levados em consideração foi que o Caio é primário e tem bons antecedentes criminais", disse a advogada.
Agora, Heringer informou que a família de Santiago pretende recorrer para reverter essa absolvição do Fábio e restabelecer a pena aplicada ao Caio.
Filha do cinegrafista fala em injustiça
Vanessa Andrade, filha do cinegrafista, afirmou que a decisão deixou um gosto de injustiça para os familiares.
"A resposta que a justiça dá para o assassinato de um homem trabalhador, de um inocente, é uma redução de pena de 12 para quatro anos, e a absolvição. É muito frustrante isso para mim, para a minha família... É a sensação de injustiça, que por mais que a gente tente acreditar que vá ser feita a justiça, é muito difícil de aceitar que a decisão do recurso seja uma decisão que não faz o menor sentido. Foi um homem que morreu trabalhando, com todas as provas, com todas as filmagens, com todo mundo vendo", desabafa.
Relembre o caso
O cinegrafista Santiago Andrade, de 49 anos, morreu depois de ser atingido na cabeça por um rojão enquanto cobria uma manifestação no Centro do Rio, em fevereiro de 2014. Caio Silva de Souza e Fábio Raposo foram acusados de soltar o explosivo e denunciados pelo Ministério Público do Rio (MPRJ) por homicídio doloso triplamente qualificado, por motivo torpe, impossibilidade de defesa da vítima e uso de explosivo. A juíza retirou duas qualificações mantendo somente o uso de explosivos.
Após ser atingido pelo rojão, Santiago ficou internado no Hospital Municipal Souza Aguiar, no Centro do Rio, por quatro dias e morreu em decorrência dos ferimentos. A explosão provocou afundamento no crânio da vítima. Segundo a denúncia do MPRJ, Fábio teria entregado o rojão para Caio "com a finalidade, previamente, de direcioná-lo ao local onde havia uma multidão, inclusive composta por policiais militares". Na época, os dois afirmaram que já se conheciam de outras manifestações e agiam juntos.
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