No detalhe, fotografia de BengbalaRenan Areias / Agência O Dia

Rio - Uma exposição gratuita em cartaz no Centro Cultural Correios, no Centro, oferece aos visitantes uma imersão na riqueza das matrizes culturais africanas, exaltando a tradição do candomblé. Com fotografias de Milana Trindade, a mostra celebra a trajetória de Luiz Angelo da Silva, o Ogan Bangbala, que aos 105 anos, continua a cantar e tocar para os orixás em seu terreiro, em Belford Roxo, Baixada Fluminense.
"A exposição é mais do que uma exibição, é um convite para mergulhar nas raízes culturais africanas e celebrar a resiliência e a beleza da cultura afro-brasileira. Todos estão convidados a vivenciar esta jornada emocionante e descobrir as histórias, os símbolos e os personagens que continuam a moldar nossa identidade cultural", diz o babalorixá Anderson Bangbose, curador da iniciativa.
Música, dança, culinária e valores sociais também são temas presentes. "É crucial que projetos culturais como o nosso busquem resgatar e preservar essas tradições, para que as futuras gerações possam compreender a profunda contribuição africana para a nossa diversidade cultural", pontua Fábio França, diretor da exposição.

A professora Elaine Marcelina, que integra a curadoria, reforça que a motivação para a idealização do projeto partiu do desejo de combater a marginalização das culturas africanas. "O diferencial reside na abordagem interativa e envolvente, que combina exposições visuais, performances, atividades educativas e palestras especializadas", reflete.
O aposentado Alfredo de Freitas, 67, visitou o espaço nesta quinta-feira (8). "Achei muito interessante porque traz informações sobre um personagem que não tem muita publicidade. Apesar de sermos frutos dessa civilização ancestral, mas não olhamos para as nossas raízes. Outros espaços culturais deveriam abrir espaços para esse tipo de exposição para popularizar esse tema.".
Visitante observa quadro na exposição - Renan Areias / Agência O Dia
Visitante observa quadro na exposiçãoRenan Areias / Agência O Dia
Ele destacou a importância de conhecer mais sobre o legado de Bangbala. "Sou descendente de negros oriundos de senzalas. Tenho muito orgulho da minha essência. E nossa religiosidade trazida pelos escravizados foi colocada de lado, muitas vezes, de forma discriminatória. Eu vim para resgatar minhas origens e me vi em um espelho."
 


No candomblé, o ogan é responsável por tocar instrumentos de percussão, como atabaque ou agogô, além de ser considerado um mestre ou senhor do local, pessoas cujas mãos trazem os sons que chamam os espíritos e guiam os fiéis.
Bangbala é reconhecido pela atuação na construção e pavimentação de terreiros tradicionais no Rio e Salvador. Em novembro de 2014, foi agraciado com a medalha da Ordem do Mérito Cultural pela então presidente Dilma Rousseff.


Serviço:

Exposição Vida na Fé – Matriz Africana
Até 28 de setembro
De terça a sábado, da 12h às 19h
Local: Centro Cultural Correios
Endereço: Rua Visconde de Itaboraí 20, Centro
Entrada gratuita, com classificação livre