Caso é investigado pela Delegacia de Crimes Raciais e Intolerância Religiosa (Decradi)Arquivo / Renan Areias / Agência O Dia
Loja demite funcionário investigado de cometer racismo contra modelo na Zona Norte
Lojas Americanas diz que vendedor praticou uma abordagem que está em desacordo com as diretrizes da empresa
Rio - O funcionário das Lojas Americanas investigado por preconceito racial contra a modelo Yanca Ellen, de 24 anos, foi demitido após um apuração interna. Segundo a companhia, o vendedor praticou uma abordagem que está em desacordo com as diretrizes das Lojas Americanas. Na denúncia, Yanca diz que foi perseguida e humilhada pelo funcionário, que suspeitou que a mesma tivesse roubado produtos do local.
Imagens de câmeras de segurança registraram o momento da abordagem e serão analisadas pela Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), que passou a investigar o caso desde terça-feira (13), um mês depois do ocorrido. "A Americanas procedeu com o desligamento do colaborador envolvido na ação em loja do Carioca Shopping, no Rio de Janeiro", informou a companhia. Para Yanca, esse é um sinal de que o caso não ficará impune, mas que fica triste, pois o funcionário também é negro e já deve ter passado por uma situação parecida.
"Fiquei triste porque ele é preto também. Alguma vez na vida ele já deve ter passado por esse constrangimento. O pior para mim é saber que ele foi demitido porque alguém provavelmente deve ter mandado. O gerente da loja deveria também pagar por isso", disse Yanca. A jovem segue em busca novas provas para ajudar nas investigações.
Mudança na tipificação do crime
A mesma denúncia registrada recentemente na Decradi como preconceito racial foi reportada inicialmente na 27ª DP (Vicente de Carvalho) como Crimes do Código do Consumidor, por expor o consumidor ao ridículo. Para a vítima, trata-se de crime de racismo velado e que precisava de uma atenção maior na investigação, por isso ela buscou a especializada em crimes raciais.
"Na 27ª DP foi um descaso total. Inclusive, fui lá com o meu advogado há cerca de duas semanas para pegar as imagens de câmeras de segurança do shopping, mas a gente foi muito maltratado por um policial. O delegado até pediu desculpa por não ter dado tanta importância no dia do caso", disse a modelo ao DIA. Ainda segundo a vítima, na Decradi ela recebeu acolhimento e foi bem tratada durante o registro da ocorrência.
Relembre o caso
Yanca, uma jovem negra, denuncia que foi perseguida e humilhada por um funcionário que suspeitou que a mesma tivesse roubado produtos da unidade que fica localizada no Carioca Shopping. O caso aconteceu no dia 12 de julho.
No relato, a modelo conta que entrou nas Lojas Americanas com sacolas de compras e uma bolsa de academia, por volta das 18h. De acordo com a vítima, ela entrou no estabelecimento com o objetivo de comprar itens pessoais, além de pesquisar preços de materiais de papelaria, pois havia se matriculado em uma faculdade. Ainda na loja, ela comprou chocolates e foi embora. Cerca de 50 metros de distância da unidade, um funcionário da empresa a abordou e pediu para revistá-la.
"Fui simplesmente coagida por um funcionário da loja que exigiu para ver as notinhas, pois eu estava com duas bolsas de compras anteriores, de produtos de beleza, e nas Americanas havia comprado apenas um chocolate na promoção de cinco por dez reais", disse Yanca um dia depois do crime.
Mesmo afirmando que não havia roubado nada, o funcionário rebateu que as câmeras de segurança detectaram uma atividade suspeita dela e que precisava verificar todas as notas fiscais das compras anteriores, além de revistar a bolsa.
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