Rio - A Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Alerj recebeu, nesta quarta-feira (14), Carlos André Alves de Almeida, de 48 anos, viúvo de Elaine Esteves Pereira, 49. A cozinheira morreu baleada por policiais civis, após o veículo em que estava com o marido colidir em uma viatura da Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), na Avenida Brasil, na madrugada do último domingo (11).
Durante a reunião, a comissão decidiu enviar um ofício à Polícia Civil para esclarecer o protocolo utilizado na abordagem que resultou na morte de Elaine, questionando sobre o acesso às câmeras da região e das fardas dos policiais militares presentes no local após o acidente. A reunião também contou com a participação de membros da Comissão de Combate às Discriminações da Alerj.
"Vamos levar o caso ao Ministério Público e oficiar a Polícia Civil, pedindo mais esclarecimentos. Em paralelo, a CDDHC oferece não só assistência jurídica, mas também acompanhamento psicossocial. Acolhemos os familiares de Elaine e, junto ao Napave, oferecemos atendimento porque sabemos que a saúde mental é extremamente afetada nessas situações", disse a presidente da CDDHC, deputada Dani Monteiro.
Era Carlos André quem dirigia o veículo que bateu na viatura policial. Para ele, os policiais tinham a intenção de matar os dois. A vítima e o marido tinham acabado de sair de uma festa, por volta das 3h do domingo (11), quando um carro parou do lado deles e mandou que os dois encostassem, alegando uma batida. Com medo do que poderia ser, Carlos André e Elaine aceleraram, o que deu início a uma perseguição.
"Atiraram para matar! Falei para ela: 'Calma que é a polícia, estamos seguros!' Foi quando eu ouvi vários disparos. Aí ela pediu ajuda e disse: 'Meu amor, me ajuda que eu estou passando mal'. Foi quando eu desci do carro, dei a volta e vi o sangue. Eu não tinha visto ainda, mas ela levou um tiro nas costas", afirmou o viúvo ao DIA.
Ainda segundo o viúvo, mesmo após a mulher ter sido baleada, ele não conseguiu prestar socorro, já que os policiais seguraram o seu braço. Ao todo, ele conta que foram quatro disparos na lataria do veículo. A bala que atingiu Elaine entrou pelo porta-malas, passou pelos bancos, atravessou as costas da mulher e parou no vidro do carro.
O corpo da cozinheira foi sepultado no Cemitério Parque da Paz, em Itaboraí, na Região Metropolitana, na segunda-feira (12). Cerca de 200 pessoas, entre amigos e familiares, estiveram presentes na despedida. Elaine deixa duas filhas.
O que diz a Polícia Civil
Segundo a Polícia Civil, agentes da especializada foram surpreendidos por uma colisão por volta das 3h30, na qual um veículo em fuga atingiu uma das viaturas do comboio, na região do Trevo das Margaridas, ao lado de um dos acessos à comunidade de Parada de Lucas. Os policiais, então, dispararam contra o carro para "interromper a investida repentina e violenta do veículo contra o comboio".
A polícia afirma que tentou socorrer a mulher, mas ela morreu no local. "Apurou-se que o veículo que colidiu com a viatura da polícia estava em fuga, tendo em vista que se envolvera, momentos antes, numa outra colisão de trânsito", informou em nota a DHC.
A perícia foi acionada e todos os envolvidos na ocorrência foram conduzidos para à Delegacia de Homicídios da Capital.
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