Parentes e amigos no sepultamento de Elaine Esteves, no Cemitério Parque da Paz, em Itaboraí, nesta segunda-feira (12)Manuela Carvalho/O Dia
"Atiraram para matar! Falei para ela: 'Calma que é a polícia, estamos seguros!' Foi quando eu ouvi vários disparos. Aí ela pediu ajuda e disse: 'Meu amor, me ajuda que eu estou passando mal'. Foi quando eu desci do carro, dei a volta e vi o sangue. Eu não tinha visto ainda, mas ela levou um tiro nas costas", relembra.
A vítima e o marido tinham acabado de sair de uma festa, por volta das 3h do domingo (11), quando um carro parou do lado deles e mandou que os dois parassem. Com medo do que poderia ser, Carlos André e Elaine aceleraram e deram início a uma perseguição.
"Não vi amassado, não vi nada, não senti batida nenhuma. Aí ela falou: 'Melhor não parar não, aqui é perigoso'. Eu acelerei e ele vindo atrás, achei que ele queria só anotar a placa. Assim continuou, até a saída da Avenida Brasil, quando eu perdi o controle do carro e colidi com a traseira do carro da polícia", detalha.
Ainda segundo o viúvo, mesmo após a mulher ter sido baleada, ele não conseguiu prestar socorro, já que os policiais seguraram o seu braço. Ao todo, ele conta que foram quatro disparos na lataria do veículo. A bala que atingiu Elaine entrou pelo porta-malas, passou pelos bancos, atravessou as costas da mulher e parou no vidro do carro.
"Eu não achei a bala. Não teve abordagem nenhuma, o carro bateu, mas não teve gravidade nenhuma. Em segundos começou o tiroteio. Eu estava parado. Não saí porque não deu tempo. Para mim ela estava passando mal, não sabia que os disparos estavam sendo no nosso carro. A única coisa que eles falavam era: 'Cara no chão, vagabundo!', só isso", disse.
Segundo a Polícia Civil, agentes da especializada foram surpreendidos por uma colisão por volta das 3h30, na qual um veículo em fuga atingiu uma das viaturas do comboio, na região do Trevo das Margaridas, ao lado de um dos acessos à comunidade de Parada de Lucas. Os policiais, então, dispararam contra o carro para "interromper a investida repentina e violenta do veículo contra o comboio".
A polícia afirma que tentou socorrer a mulher, mas ela morreu no local. "Apurou-se que o veículo que colidiu com a viatura da polícia estava em fuga, tendo em vista que se envolvera, momentos antes, numa outra colisão de trânsito", informou em nota a DHC.
A perícia foi acionada e todos os envolvidos na ocorrência foram conduzidos para à Delegacia de Homicídios da Capital.
"A gente espera que um inquérito seja instaurado para avaliar a conduta do outro motorista. Esse veículo, que também sofreu avarias, passou por perícia e a gente aguarda o laudo. A atitude dele foi muito excessiva, ele bateu no carro do André três vezes, em uma atitude completamente desproporcional", disse
O advogado acrescentou que terá acesso ao inquérito somente na sexta-feira (16), mas que, até o momento, são dois policiais envolvidos na ação.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.