Condomínio alvo de demolição tem 40 imóveis irregulares construídos pelo crime organizadoFábio Costa / Seop

Rio - A Polícia Civil e a Secretaria de Ordem Pública (Seop) realizaram uma nova operação, nesta segunda-feira (19), de demolição de um condomínio de luxo com mais de 40 imóveis irregulares construídos pelo crime organizado na comunidade Parque União, no Complexo da Maré, Zona Norte.

Esta é a terceira fase da operação contra a lavagem de dinheiro do tráfico que atua na região. Engenheiros da prefeitura estimam que os responsáveis pelas obras estão tendo um prejuízo de R$ 30 milhões com a demolição do condomínio.

Durante a ação, policiais ainda encontraram, no interior do Complexo da Maré, uma carga que havia sido roubada. O material foi recuperado.
Equipes do Comando de Operações Especiais (COE) da Polícia Militar também apoiaram a ação. Durante a mobilização, equipes do Batalhão de Ações com Cães (BAC) localizaram dois pontos de armazenamento do crime organizado na Comunidade da Nova Holanda, apreendendo duas pistolas, uma carabina, uma granada, um bloqueador de sinal via satélite, três carregadores de fuzil do tipo goiabada, vários carregadores de pistolas, diversos rádios comunicadores e vasta quantidade de entorpecentes a serem contabilizados. As ocorrências foram registradas na 21ª DP (Bonsucesso).

Na última terça-feira (13), fase anterior da operação, os agentes localizaram um imóvel de luxo que era usado pelos traficantes e realizaram a demolição.

Entre os imóveis, duas coberturas, avaliadas em R$ 5 milhões, chamaram a atenção. Uma delas possuía dois andares, acabamento em mármore e porcelanato, além de uma grande área de lazer, com churrasqueira e uma piscina de 40 mil litros de água. O imóvel possuía vista privilegiada para a comunidade, para um campo de futebol e uma área onde eram realizadas festas.

Já a segunda era um quadriplex com acabamento de luxo, jacuzzi e closet, escadas com lâmpadas de led automático, além de uma piscina com cascata e churrasqueira. No térreo da unidade os agentes encontraram um quarto com dezenas de caixas de vinho e champanhe.

Parte das construções chegavam a ter seis pavimentos, porém, 90% deles ainda estavam em fase de alvenaria e totalmente desocupados. Eles foram erguidos sem nenhuma autorização da Prefeitura e não possuem responsável técnico pelas obras. No início de julho, todas as estruturas foram notificadas após uma outra ação da DRE.

As investigações apontam que a comunidade do Parque União vem sendo utilizada há anos, por meio da construção e abertura de empreendimentos, para lavar o capital acumulado com o comércio de drogas. Os agentes apuraram ainda a participação de funcionários de órgãos representativos da comunidade no esquema.
BRT paralisado

Por conta da operação na Maré, moradores do Complexo fizeram um protesto pela manhã em frente à comunidade do Parque União. Com isso, a pista do BRT foi fechada e o funcionamento precisou ser interrompido.

Os manifestantes estavam ocupando a Avenida Brigadeiro Trompowski, na altura do BRT da Maré, sentido Fundão, e impedindo a passagem dos veículos. Barricadas foram colocadas na via e incendiadas pelos manifestantes.
Agentes da Polícia Militar, da CET-Rio e da Guarda Municipal foram acionados para controlar a situação e regularizar o trânsito. O tráfego já foi totalmente liberado.
Por conta das manifestações, o BRT chegou a paralisar os serviços duas vezes. A primeira vez, por uma hora, e depois, por cerca de 15 minutos, já no fim da manhã.

Segundo a MOBI Rio, os serviços 90 (Terminal Fundão x Terminal Gentileza) e o serviço especial TIG x GIG interrompidos e o serviço 42 (Manaceia x Galeão) operando até a estação Santa Luzia.
Outros impactos
Além do problema de trânsito, unidades de saúde e de educação suspenderam o funcionamento na manhã desta segunda-feira por conta da operação na região.
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde (SMS-Rio), a Clínica da Família (CF) Jeremias Moraes da Silva acionou o protocolo de acesso mais seguro e, para segurança de profissionais e usuários, suspendeu o funcionamento. Já a CF Diniz Batista dos Santos manteve o atendimento à população, apenas as atividades externas realizadas no território, como as visitas domiciliares, foram suspensas.
Na educação, duas escolas municipais  precisaram ser fechadas na região da Maré, afetando aproximadamente 900 estudantes no turno da manhã.