MPRJ denuncia padre por discriminação e preconceito contra casais homoafetivos
Em maio de 2023, o ator Bernardo Dugin registrou uma queixa contra Antônio Carlos Santos por uma fala citando a relação entre pessoas do mesmo sexo como uma representação do demônio
Caso aconteceu em abril de 2023 durante missa na capela do Colégio Nossa Senhora das Dores, em Nova Friburgo - Reprodução
Caso aconteceu em abril de 2023 durante missa na capela do Colégio Nossa Senhora das Dores, em Nova FriburgoReprodução
Rio - O Ministério Público do Rio (MPRJ) denunciou o padre Antônio Carlos dos Santos por discriminação e preconceito contra a orientação sexual de casais homoafetivos. Em maio de 2023, o ator Bernardo Dugin registrou uma queixa contra o sacerdote por uma fala citando a relação entre pessoas do mesmo sexo como uma representação do demônio.
A denúncia foi distribuída à 2ª Vara Criminal de Nova Friburgo na última quinta-feira (5) pela Promotoria de Investigação Penal do mesmo município.
De acordo com a ação penal, no dia 30 de abril do ano passado, durante a missa que celebrava na Capela do Colégio Nossa Senhora das Dores, em Nova Friburgo, na Região Serrana, o padre disse, repetidas vezes, que "o demônio entrava na casa das pessoas de diversas formas para destruir as famílias, sendo uma delas representada pela união de pessoas do mesmo sexo, homem com homem, mulher com mulher".
A denúncia do MPRJ ressaltou que o religioso proferiu discurso de ódio atentatório contra a orientação sexual de pessoas que optam por se relacionar com pessoas do mesmo sexo, "insuflando, portanto, o preconceito, a discriminação e a hostilidade contra os homossexuais".
O ator Bernardo Dugin, que registrou a queixa contra Antônio no dia posterior à missa, comemorou o avanço do caso. "Eu digo que hoje respiro um pouco aliviado com a certeza de que eu fiz a escolha certa, de que eu segui no caminho da justiça, de que pessoa alguma pode proferir gratuitamente o ódio e o preconceito contra qualquer ser humano. Isso feriu a mim, a minha família, a uma comunidade inteira. Eu sigo de cabeça erguida com apoio incondicional da minha família, dos meus amigos, do meu namorado, acreditando na lei, acreditando na justiça e eu espero que, ao final desse processo, o padre seja condenado e pague pelo crime que cometeu", disse nas redes sociais.
O que disseram os envolvidos na época?
O Colégio Nossa Senhora das Dores se pronunciou sobre o assunto através das redes sociais na época. A unidade destacou que contribui com a educação de crianças e jovens a partir de uma pedagogia humanista há 130 anos, aliando excelência acadêmica e valores cristãos.
"Comungamos com a perspectiva do Papa Francisco sobre o Evangelho verdadeiro de Jesus: amar e respeitar, sem distinção, todas as pessoas como irmãos. Isso supõe total respeito e acolhimento às diferenças e recusa obstinada a toda e qualquer forma de discriminação", informou.
O colégio ressaltou que repudia, veementemente, todo discurso de ódio e incitação à violência de qualquer natureza esclareceu que a indicação dos sacerdotes para as liturgias na unidade é de inteira responsabilidade da Diocese de Nova Friburgo. "Lamentamos, profundamente, o ocorrido na homilia do dia 30/4, que feriu muitas pessoas e somos solidários às suas dores", completou a escola.
A Diocese, por meio de seu Bispo Dom Luiz Antônio Lopes Ricci, disse na época, que lamenta profundamente o ocorrido com o ator Bernardo Dugin. "Pedimos perdão às pessoas que se sentiram ofendidas e reafirmamos aquilo que é recorrente nas orientações do Bispo para os padres e leigos: misericórdia, respeito, diálogo, tolerância e reconciliação", escreveu em comunicado.
A reportagem entrou em contato com a Diocese para comentar a denúncia, mas ainda não teve retorno. O espaço está aberto para manifestação.
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