Presidente Lula recepcionou os líderes dos países membros e convidados no MAMReginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - A sessão de abertura da Cúpula do G20 foi iniciada às 11h desta segunda-feira (18), após o presidente Luiz Inácio Lula da Silva recepcionar os líderes dos países membros e convidados.  Em seu discurso de abertura, Lula agradeceu a presença dos chefes de Estado no Rio, que chamou de "capital do mundo", durante os dois dias do fórum mundial. O primeiro encontro lança a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza.
"Compete aos que estão aqui, em volta desta mesa, a inadiável tarefa de acabar com essa chaga que envergonha a humanidade. Este será o nosso maior legado. Essa é uma condição imprescindível para construir sociedades prósperas. O Brasil sabe que é possível. Aqueles que sempre foram invisíveis estarão no centro da discussão internacional", declarou.
No discurso aos líderes, o presidente brasileiro afirmou que a cidade maravilhosa é a síntese do contraste social que caracteriza o Brasil e a América Latina. "De um lado, a beleza exuberante da natureza, sob os braços abertos do Cristo Redentor. De outro, injustiças sociais profundas, o retrato vivo de desigualdades históricas e persistentes", declarou.
A aliança já reúne um amplo apoio internacional, com a adesão de 81 países, 26 organizações internacionais, 9 instituições financeiras e 31 fundações filantrópicas e organizações não governamentais. 
O presidente ressaltou o trabalho árduo realizado ao longo do último ano e o alcance global da proposta. "Foi um ano de trabalho intenso, mas este é apenas o começo. A aliança nasce no G20, mas seu destino é global. Que esta cúpula seja marcada pela coragem de agir. Por isso, quero declarar oficialmente lançada a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza".
Em seu discurso, o presidente Lula chamou atenção para a gravidade da crise global de fome e subnutrição. Com dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), Lula afirmou que existem 733 milhões de pessoas ainda subnutridas no mundo. "É como se as populações do Brasil, México, Alemanha, Reino Unido, África do Sul e Canadá, somadas, estivessem passando fome. Em um mundo que produz quase 6 bilhões de toneladas de alimentos por ano, isso é inadmissível. Em um mundo cujos gastos militares chegam a U$ 2,4 trilhões, isso é inaceitável", ressaltou.
O presidente Lula recebeu líderes das maiores potências mundiais: cumprimentou o presidente da China, Xi Jinping; o americano Joe Biden, abraçou o presidente francês Emmanuel Macron e o primeiro-ministro do Canadá, Justin Trudeau. O presidente argentino, Javier Milei, subiu a rampa do MAM ao lado da irmã, Karina Milei, portando pastas azuis. Milei foi recebido com um aperto de mão protocolar de Lula. Com a ausência de Vladimir Putin no fórum, o ministro das Relações Exteriores Sergey Lavrov discursou pela Rússia.

Jornalistas de diversas partes do mundo se concentram no Centro Internacional de Mídia, montado no Vivo Rio. O acesso dos profissionais é feito após duas sessões de revista.
Após a primeira sessão da Cúpula do G20, os líderes almoçam no início da tarde no plenário. Na sequência, a segunda sessão discutirá uma reforma na governança global das instituições. A programação do primeiro dia se encerra no início da noite, às 18h, com uma recepção gastronômica, artística e cultural aos chefes das delegações, nos jardins do MAM.
A Cúpula do G20 acontece sob sigilo, com os discursos dos líderes mundiais sendo realizados a portas fechadas e sem transmissão para a imprensa. A ordem das falas inicia com Índia, África do Sul, Estados Unidos, China e México, e seguindo com Reino Unido, Turquia, Arábia Saudita, Rússia, Coreia do Sul, Japão, Itália, Indonésia, Alemanha, Conselho Europeu e Comissão Europeia. Na sequência, Canadá, Austrália, Argentina, União Africana, Espanha, Singapura, Portugal, Noruega, Nigéria, Egito e Angola também têm espaço, assim como Emirados Árabes, Vietnã, Tanzânia, Paraguai, Malásia, Colômbia, Chile, Bolívia, Santa Sé e Uruguai, completando a programação de pronunciamentos.
Aliança contra a fome
Entre os compromissos assumidos estão a redução da mortalidade materna e infantil, o aumento da distribuição de renda e a melhoria da alimentação escolar. De acordo com a Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), no Brasil, 8,4 milhões de pessoas enfrentam diariamente a insegurança alimentar severa, o que significa falta de acesso a uma alimentação suficiente e de qualidade. O país integra o Mapa da Fome, lista que inclui nações onde mais de 2,5% da população enfrenta subalimentação.
Apesar de ter sido proposta no G20, a Aliança não estará limitada às mudanças de presidência do grupo. Com uma governança independente, vinculada, mas não subordinada ao G20, a Aliança busca garantir continuidade aos projetos, mesmo quando o tema não for prioritário no fórum global. Além disso, embora o endosso de um país seja necessário, a adesão não é obrigatória, permitindo que as nações implementem ações de acordo com suas próprias necessidades.

Cada país participante terá autonomia para adotar políticas específicas, como transferências diretas de renda ou fortalecimento de programas alimentares. A Aliança também será responsável por captar recursos internacionais para apoiar nações em maior necessidade, mas caberá a cada país a gestão e o acompanhamento do uso desses investimentos.

O Brasil assumiu o compromisso de criar essa aliança global ainda na Cúpula do G20 na Índia, em 2023. Agora, com o apoio crescente de países, o enfrentamento à fome e à pobreza se manterá como um tema central na próxima edição do G20, liderada pela África do Sul.