Sara Regina Cardoso Coelho, 28, perdeu parte do instestino após ser baleada dentro do próprio carroArquivo Pessoal
De acordo com o irmão, Sara voltava para casa com o marido, após sair do Hospital Federal da Lagoa, na Zona Sul, onde a filha deles está internada há mais de 15 dias, por conta de uma infeção no sangue. Já no Méier, eles pararam em um sinal de trânsito e perceberam a movimentação de PMs a pé. Daniel Domingos relata que os policiais não abordaram o veículo ou deram ordem de parada e atiraram por trás do carro. Ao perceber os disparos, a mulher, que estava no carona, se agachou, mas acabou sendo atingida na barriga, momento em que o companheiro saiu do automóvel em direção aos militares, que a socorreram.
"Eles não abordaram, eles simplesmente acharam que era bandido, porque acho que eles já estavam atrás de alguém, e o carro do meu cunhado não é 'meia-boca', é um carro bacana, com vidro escuro, então simplesmente saíram atirando. Meu cunhado falou que eles vieram por trás atirando no carro da minha irmã, eles estavam a pé. É aquilo, (queriam) mostrar serviço, vai que é bandido, mesmo? (…) Infelizmente, é o Brasil que vivemos, não aconteceu só com a minha irmã, mas com várias pessoas", desabafou Daniel.
Segundo a Polícia Militar, equipes do 3º BPM (Méier) realizaram uma abordagem a um veículo do tipo sedan de cor branca, na Rua Silva Rabelo, quando os ocupantes reagiram e houve confronto. "No local, a passageira de um veículo próximo foi atingida e socorrida ao Hospital Salgado Filho", informou a corporação. Na unidade de saúde, segundo o irmão, ele e a mãe foram coagidos pelos PMs e um dos agentes chegou a dizer que o caso não era grave e que Sara logo poderia ir para casa.
"'Foi só um 'negocinho' aqui (na barriga), nada de mais. Ela vai ser atendida, vai fazer um hemograma, um raio-x, vai para casa e toma dipirona'. Foi isso que eles falaram e depois ficaram bebendo refrigerante como se nada tivesse acontecido. Eu fico pensando se quando eles levam tiro, se falam para eles mesmos que é só um 'negocinho' na barriga, para tomar dipirona", se queixou o irmão. A família contou que Sara foi atingida por um tiro que atravessou o corpo, além de estilhaços, e precisou passar por uma cirurgia em que parte do seu intestino foi retirado.
Sara é mãe de quatro filhos de 1, 5, 8 e 12 anos, e se preparava para comemorar o aniversário de uma das crianças, em duas semanas. O irmão conta que o sonho da vítima é entrar para a Polícia Militar, que ela já havia feito uma prova para ingressar na corporação e, atualmente, vinha estudando para mais um concurso. A PM informou que os policiais envolvidos na ocorrência serão ouvidos e um procedimento apuratório será instaurado para analisar as circunstâncias da ação. O fuzil utilizado pelo policial foi apreendido.
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