Rio - A cantora Luciene Franco, famosa artista da era do rádio, morreu nesta terça-feira (10) aos 85 anos. A cerimônia de despedida, com velório e cremação acontecerão na quarta-feira (11), no cemitério São Francisco Xavier e será restrita a amigos e familiares.
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O cantor Márcio Gomes, responsável por convencê-la a voltar aos poucos após anos com uma vida mais reservada, lamentou a morte em suas redes sociais. "Com grande tristeza, comunico o falecimento de nossa Luciene Franco! Foram quase setenta dias de luta! Está agora nos braços do Pai! Amiga em todos os momentos da minha vida", inicou ele.
"Consegui trazê-la aos palcos depois de seu afastamento voluntário, foi um presente para todos. Sua voz foi e será das mais lindas que já ouvi! Minha amiga querida, nunca me esquecerei das sua últimas palavras para mim: “te amo muito”. Eu também te amo muito. Siga em paz, siga brilhando eternamente", completou.
"Grande cantora! Grande voz! Sua interpretação de Ma Vie ressoa até hoje na memória! RIP", escreveu Miguel Falabella.
Em seu perfil do Instagram, Luciene contou no dia 1º de outubro que enfrentava problemas de saúde na coluna desde meados de julho.
"A vida pode dar uma cambalhota, em fração de segundos. A minha deu, em meados de julho. E a coluna vertebral te dá uma rasteira. E você não comanda mais a sua vida. E eu, em poucos dias, vou passar pela 2° cirurgia, para corrigir a 1° que foi mal feita. L3 L4 L5. Todas com sérios problemas. Meus planos foram por água abaixo. Mas como sempre , me entrego nas mãos de Deus", escreveu.
Márcio Gomes contou ao DIA que a cirurgia na coluna foi muito complicada e ela estava internada há mais de dois meses. "Da cirurgia surgiram inúmeras complicações e ela ficou quase 70 dias no hospital passando por vários procedimentos e não resistiu", lamentou.
O cantor ressalta que a artista foi também destaque na TV nos programas do Chacrinha e Flávio Cavalcanti. "Ela tava naquela transição rádio Jovem Guarda e gravou muitas versões, entre elas uma música francesa que foi estourada no Brasil chamada 'Ma Vie', de Alain Barrière, além de ter lançado sucessos como 'Ternura Antiga', de Dolores Duran, foi a primeira gravação feita por ela", disse.
Luciene teve uma carreira bonita, mas se afastou dos palcos, por vontade própria, para se dedicar a hotelaria e parou de cantar. "Até que num espetáculo meu, resolvi trazê-la de volta há mais ou menos uns 15 anos. A vida dela mudou, ela tinha gratidão porque a trouxe de volta e ela estava com a voz intacta. Fez coisas lindas, espetáculos maravilhosos", completou Márcio Gomes.
"Não faltava um show meu aqui no Rio e até em Portugal ela foi me assistir. Era uma amizade que se foi construída ao longo dos anos. Hoje é um dia de tristeza real e a música popular brasileira uma das únicas grandes vozes", concluiu.
O produtor João Luiz Azevedo destacou a importância da cantora no tempo do rádio. "A Luciene era uma pessoa muito querida da classe, vai fazer muita falta. Ela voltou a cantar nos palcos devido à força que ela recebeu do Márcio Gomes", disse.
A cantora era separada e deixa três filhos.
Luciene era uma das intérpretes favoritas de Ary Barroso
Luciene nasceu no Rio de Janeiro em 1939 e foi uma das intérpretes favoritas de Ary Barroso. Ela iniciou a carreira de cantora em 1957 atuando no rádio carioca. No mesmo ano, lançou pela Copacabana seu primeiro disco, assinando apenas Luciene, com o bolero "Tarde morena de Espanha", composição de Luiz Bonfá e o samba-canção "Ave Maria", de Vicente Paiva.
Ary Barroso a levou para cantar com Ernâni Filho na boate "Friend's", no Rio de Janeiro. Ainda na década de 1950, participou da festa de aniversário do presidente Juscelino Kubitschek no Palácio Laranjeiras.
Em 1961, gravou um de seus maiores sucessos, o samba-canção "Ternura antiga", de Dolores Duran e Ribamar, da qual foi a primeira intérprete, no I Festival da Canção ("Festival do Rio"), realizado no Rio de Janeiro no mesmo ano, sob o patrocínio de "O Rei da Voz".
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