Natalino Guimarães foi preso em Campo Grande, Zona Oeste, e levado para a Cidade da PolíciaReginaldo Pimenta / Agência O Dia

Rio - O ex-deputado estadual Natalino José Guimarães e outras seis pessoas foram presas nesta terça-feira (10), durante uma operação do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) contra a grilagem de terras em Búzios, na Região dos Lagos. A ação investiga uma organização criminosa que, desde 2020, invade, desmata e vende terrenos ilegalmente na região.


Além das prisões, 12 mandados de busca e apreensão foram cumpridos em endereços de Búzios, Cabo Frio, Rio das Ostras e na capital fluminense. Natalino, ex-policial civil e fundador da milícia Liga da Justiça, acabou detido em Campo Grande, enquanto outros suspeitos foram capturados em Búzios. Entre os presos está Esmeraldo da Conceição, apontado como o líder do esquema na Região dos Lagos.
Natalino Guimarães e seu irmão Jerominho exerceram grande influência na região, controlando comunidades da Zona Oeste. A milícia também utilizava o poder político para ampliar seu alcance, com membros e aliados disputando cargos públicos para consolidar a atuação criminosa. Essa estrutura permitiu que a Liga da Justiça se tornasse uma das organizações mais poderosas do estado.
As investigações do MPRJ começaram após denúncias de invasões violentas em terrenos na Estrada da Fazendinha, no bairro Baía Formosa, em Búzios. Segundo o MPRJ, o grupo usava seguranças armados para intimidar moradores e proprietários, promovia desmatamentos e queimadas, e vendia os lotes de forma irregular.

O esquema também incluía o uso de processos judiciais sem decisões favoráveis para justificar as invasões. De acordo com a denúncia, depois de ocupar os terrenos, a quadrilha dividia as áreas em lotes, que eram vendidos ilegalmente. Em troca de apoio para manter o controle das terras, o grupo oferecia lotes para pessoas com histórico de envolvimento em milícias.
Levado para a Cidade da Polícia após ser preso, Natalino negou as acusações de envolvimento com grilagem de terras e afirmou estar sendo vítima de perseguição política. "Eu estou vivendo a minha vida, no meu lar, com meus filhos, com a minha família. Disseram que eu sou grileiro de terra, mas eu não me envolvo com isso. Nunca me envolvi. Nunca fui acusado dessas coisas. E agora inventaram isso, acordei na minha casa, sendo preso", declarou.

O ex-deputado também disse acreditar que sua prisão é fruto de conspirações políticas. "Eu estou tentando reerguer a minha vida com a minha família, mas eu sei que grandes homens foram feitos em injustiça. Eu estou sendo preso porque os meus inimigos políticos conspiram, é perseguição de todos os lados, é tanto inimigo que eu não sei o que fazer. Só mudando do Brasil. Eu sou inocente nessas coisas todas, é covardia. A população que me conhece sabe que eu não sou envolvido com nada de invasão de terra", completou.
A operação foi conduzida pelo MPRJ, com apoio da Polícia Civil e da Polícia Militar. Ao todo, 12 pessoas foram denunciadas pelos crimes.
Em 2020, uma operação da Polícia Federal teve como alvo os irmãos Natalino e Jerominho Guimarães. Durante as buscas, os agentes encontraram R$ 320 mil e 2.500 dólares (cerca de R$ 13,5 mil) em espécie em duas casas pertencentes aos irmãos. As investigações apuravam se os dois usariam uma possível eleição da candidata Carminha Jerominho (PMB), filha de Jerominho, como forma de ampliar o domínio da milícia na Zona Oeste. Em agosto de 2022, o ex-vereador foi morto a tiros na Estrada Guandu do Sapé, em Campo Grande.
Procurada pelo DIA, a defesa de Natalino Guimarães informou que ainda não teve acesso aos autos do processo e, assim que os documentos forem disponibilizados, irá se pronunciar oficialmente sobre o caso. O espaço segue aberto para manifestações.