Rio - A Polícia Federal realizou, nesta sexta-feira (13), uma operação com o objetivo de desarticular uma organização criminosa suspeita de compra de votos e lavagem de dinheiro em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
A ação, nomeada Têmis, é um desdobramento de investigações iniciadas em outubro, quando um homem foi preso em flagrante no município com R$ 1,9 milhão em espécie. Ele é suspeito de envolvimento no esquema de compra de votos durante o período eleitoral.
De acordo com a PF, o suspeito era membro de uma quadrilha que opera na região há anos, composta por políticos e empresários. O grupo atua principalmente em Duque de Caxias e São João de Meriti, sendo responsável por movimentar milhões de reais de forma irregular para financiar campanhas de candidatos a cargos públicos.
As investigações apontaram que empresas contratadas pelo poder público eram utilizadas para desviar recursos em benefício de políticos, garantindo o poder do grupo nas administrações municipais. Entre os crimes investigados estão organização criminosa, falsidade ideológica eleitoral e lavagem de dinheiro.
Ao todo, foram cumpridos 22 mandados de busca e apreensão em São João de Meriti, Nova Iguaçu, Duque de Caxias e na capital fluminense. Entre os alvos estavam o secretário de Transportes do RJ, Washington Reis, o atual prefeito de Caxias, Wilson Reis, e o prefeito eleito neste ano, Netinho Reis (MDB).
Além deles, Fernanda da Costa (MDB), vereadora de Caxias e filha do traficante Fernandinho Beira-Mar, o deputado estadual Valdecy da Saúde (PL) e o servidor da prefeitura de São João de Meriti, Wellington da Rosa, também estavam na mira da ação.
Em nota, Wilson Reis informou que não tem nenhum envolvimento no caso e que confia na Justiça. Disse, ainda, que está a disposição para prestar todos os esclarecimentos necessários.
Já o secretário Washington Reis informou que jamais esteve envolvido em qualquer prática irregular relacionada à compra de votos ou realização de boca de urna. Ressaltou, ainda, que todas as contas da campanha foram devidamente aprovadas pela Justiça Eleitoral. Por fim, reiterou que não tem nada a temer e se coloca à disposição da Justiça e de quaisquer autoridades competentes para prestar os esclarecimentos necessários.
A defesa do deputado Valdecy da Saúde afirma que não teve acesso aos autos e por isso não vai se manifestar. Disse, ainda, que Wellington Rosa nunca trabalhou para o parlamentar.
Procurados pelo DIA, Netinho Reis, Fernanda da Costa e Wellington Rosa ainda não se posicionaram. O espaço está aberto para manifestações.
Celulares no freezer
Durante as buscas realizadas pela Polícia Federal, agentes apreenderam dois celulares escondidos no freezer da residência do prefeito eleito de Duque de Caxias, Netinho Reis (MDB). Os aparelhos estavam guardados em uma gaveta do refrigerador, ao lado de potes de sorvete. A descoberta foi feita enquanto os mandados de busca e apreensão eram cumpridos pelos policiais. Já na casa de Wellington da Rosa, os policiais encontraram malas com cerca de R$ 2 milhões.
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