Menino chegou a ser encaminhado ao Hospital Getúlio Vargas, mas não resistiuReginaldo Pimenta / Agência O Dia
Relação de pais de menino morto com tiro na cabeça foi parar na Justiça por agressões
A criança teria sido atingida por criminosos após uma discussão entre o pai e a mãe na noite desta quinta-feira (12) no Morro da Fé, na Penha
Rio - A relação conflituosa entre os pais do menino de 4 anos, que morreu após ser baleado na cabeça por traficantes no Morro da Fé, na Penha, na Zona Norte, foi parar na Justiça em mais de uma oportunidade, incluindo situações de agressão. A criança teria sido atingida por criminosos após uma discussão entre o pai e a mãe na noite desta quinta-feira (12).
Em 2022, André da Rosa Magno foi condenado a dois anos de prisão, em regime aberto, pelo crime de lesão corporal gravíssima após agredir um homem que foi entregar uma encomenda para Raquel Gomes Delgado, no prédio onde ela trabalhava.
Conforme consta em processo no Tribunal de Justiça do Estado do Rio (TJRJ), a vítima contou que André segurou a mulher para impedir que ela saísse e recebesse a encomenda, razão pela qual o homem pediu para André que Raquel fosse até ele. O pedido teria gerado a agressão e o entregador teria recebido um soco no rosto.
Na época, ainda segundo o processo, Raquel confirmou o desentendimento e a alteração do companheiro. Já o homem afirmou que se defendeu de uma ameaça de agressão, o que não foi confirmado pelo juiz Rubens Roberto Rebello Casara, que assinou a condenação.
"As circunstâncias narradas tanto pela mulher do acusado quanto pela vítima indicam que existia de fato um conflito entre o acusado e sua esposa, que foi interrompido pela vítima, sendo certo que esta acabou agredida pelo réu. A culpabilidade do agente extrapolou a inerente à espécie, uma vez que discutia agressivamente, e em público, com a esposa, o que, inclusive, foi um dos fatores que levou a vítima a se aproximar do casal e ser agredido", escreveu o magistrado na época.
Violência doméstica
Além do caso de lesão corporal, há dois processos por violência doméstica cometidos por André contra Raquel no TJRJ, mas ambos foram arquivados pelo fato da mulher ter desistido das ações.
Em julho de 2020, ela informou que não precisava mais das medidas protetivas concedidas um mês antes. Tal ação penal foi instaurada após a mulher alegar que o homem a agrediu enquanto estava grávida de oito meses.
Já no processo de 2022, ela comunicou, através da Defensoria Pública, não ter interesse em prosseguir com a ação, pois havia reatado com o marido.
Morte de menino
O filho do casal morreu na noite desta quinta-feira (12) após uma discussão entre o pai e a mãe no Morro da Fé, na Penha, na Zona Norte. O menino foi baleado por traficantes, que se envolveram na confusão.
De acordo com o relato de André para os investigadores, durante uma briga com sua ex-mulher, ela teria acionado traficantes da região. O homem disse que, temendo pela sua vida, colocou o filho no carro e tentou fugir. No entanto, atropelou um dos criminosos. Durante a fuga, os bandidos atiraram contra o veículo, e um dos disparos atingiu a cabeça da criança.
Já Raquel nega que chamou traficantes para a casa do ex-marido. Segundo a versão, ela chegou gritando na residência querendo ver o filho porque estava desde segunda-feira (9) sem vê-lo. Com o barulho da discussão, integrantes do tráfico da comunidade foram até o local para tentar resolver a situação, o que culminou no pai do menino deixando o imóvel com o filho e os disparos.
A criança foi levada para o pai até o Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha, mas resistiu e morreu na unidade. O corpo foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML) no Centro do Rio. Ainda não há informações sobre o enterro do garoto.
O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital (DHC). Segundo a especializada, diligências estão em andamento para identificar a autoria do disparo e esclarecer todos os fatos.
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