Juliana Leite Rangel foi baleada na cabeça pela PRF na véspera de NatalReprodução/Redes sociais
"Tomei um tiro na mão. Não estou em condições de trabalhar. E [tem o motivo] psicológico também”, relata Alexandre em um vídeo publicado no perfil de Instagram da filha dele e irmã de Juliana, Jéssica Rangel.
"Está acabando o dinheiro. Tenho despesas todos os dias aqui com lanche, comida aqui no hospital", completa o pai, que visita Juliana diariamente no Hospital Municipalizado Adão Pereira Nunes, em Duque de Caxias, na Baixada Fluminense.
Segundo Jéssica, a família não recebe qualquer ajuda financeira da PRF. O advogado da família, Ademir Claudino, afirmou nesta terça-feira, 7, que já pleiteou ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) um benefício de auxílio por incapacidade temporária, uma vez que o mecânico por conta própria possuía qualidade de segurado.
"Contudo, tal solicitação se encontra em análise", relata. "Estamos requerendo uma pensão provisória na Justiça Federal, enquanto persistir a incapacidade do Alexandre e da Juliana", revelou o advogado.
Segundo Claudino, Alexandre passará por uma reavaliação pela equipe médica na quarta-feira, 8, para saber se há necessidade de realizar um procedimento cirúrgico. "Havendo necessidade, será acrescida tal informação aos requerimentos", adiantou.
Juliana trabalha como agente de saúde do município de Belford Roxo, também na Baixada Fluminense. O advogado também fez requerimento para que ela receba o benefício de auxílio por incapacidade temporária.
A reportagem buscou posicionamento da PRF sobre possível ajuda financeira à família, mas não recebeu resposta até a conclusão da reportagem.
Estado de saúde
“Está recuperando as funções motoras e cognitivas, sem sinais de sequelas permanentes irreversíveis, já sendo iniciado processo de reabilitação”, informa o boletim médico de segunda-feira.
O avanço mais recente no quadro de Juliana, que respira com ajuda da traqueostomia (procedimento cirúrgico que consiste em criar uma abertura na traqueia/garganta para que o paciente possa respirar) é a retirada definitiva do suporte da ventilação mecânica.
Atualmente a paciente realiza fisioterapia respiratória sem auxílio de aparelhos. No fim de semana, ela ainda precisava da ventilação mecânica por alguns períodos. No entanto, ainda não há previsão de alta do CTI.
“Minha irmã está a cada dia melhor, graças a Deus”, disse Jéssica à Agência Brasil. “Ontem (6) ela estava com um pouco de falta de ar, só que os médicos falam que é normal, tem que botar o pulmão para trabalhar”, detalhou.
A expectativa da família é que Juliana possa respirar sem a traqueostomia ainda esta semana. “Para ela conseguir falar mesmo, sair a voz dela. Ela fica, às vezes, ansiosa, querendo falar, e a gente tem que ficar lendo os lábios dela para poder entender”, descreveu Jéssica, seis anos mais velha que a irmã. “Às vezes eu não entendo, até pedi desculpa a ela”, relata.
Relembre o caso
A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) investigam o caso. O diretor-geral da PRF, Antônio Fernando Souza Oliveira, afirmou que a corporação apura todos os casos de excessos durante abordagens policiais feitas pelos seus agentes. Os dois homens e a mulher que participaram da abordagem foram afastados preventivamente de todas as atividades operacionais.
O caso aconteceu horas depois de o governo federal ter publicado um decreto para regulamentar o uso da força durante operações policiais. Conforme o texto, “o emprego de arma de fogo será medida de último recurso”.
Menina morta em 2023
A denúncia do MPF detalha que o pai de Heloísa, Willian de Souza, dirigia o veículo da família e percebeu que era seguido por uma viatura. Ele ligou a seta e se dirigiu para o acostamento, mas os policiais atiraram contra o carro ainda em movimento.
Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor.