Rio - O influenciador e personal trainer Pedro Paulo, 33 anos, que costuma correr por trajetos inusitados e de longa distância no Rio, foi vítima de um assalto na noite desta quarta-feira (8) no Recreio dos Bandeirantes, na Zona Oeste. Na ação, os bandidos levaram seu celular, fone de ouvido e um relógio de marca.

Nas redes sociais, o corredor publica sua rotina, onde realiza percursos de mais de 20 km, passando por diversos lugares como: De Copacabana ao Jardim Oceânico, da Barra da Tijuca ao Aterro do Flamengo, de Maria da Graça a Nova Iguaçu, Leme, Madureira e entre outros. Além disso, o que mais chama atenção dos seus seguidores é que ele também pratica o esporte de madrugada.

No fim de 2024, Pedro chegou a publicar um vídeo de humor se gabando por não ter sido roubado em meio a violência do Rio. No entanto, a alegria não durou muito.

Segundo o influenciador, ele caminhava na orla por volta das 21h desta quarta-feira (8) quando foi surpreendido por dois bandidos em uma moto.

"Entrei para estatística! Há um ano eu não tiro o relógio que estava aqui (no braço), mas tive que tirar hoje. Depois de tantos anos evitando problemas, roubaram meu celular, meu fone de ouvido e meu relógio. Eu odeio correr com fone, mas hoje saí com ele. Umas 21h eu fui fazer minhas barras, flexão e correr, o que eu faço todo dia. Corri um pouco mais de 6km até a Praia da Macumba e voltei mais ou menos na altura do posto 9. Depois atravessei a rua e vi uma moto passando bem devagarinho na minha frente, com dois caras, e sem placa, achei estranho", explicou.

Pedro relatou que a dupla fez um retorno na pista bem devagar e parou em frente a um prédio momentos antes de anunciar o assalto.

"A rua estava deserta, estava chovendo, tinha pouco carro. Quando eles fizeram o retorno, eles deram a seta e encostaram em um prédio, só que eu pensei: 'Bandido não dá seta'. Achei que tinha passado, quando eu segui e estou entrando na rua, olhei e eles continuavam parados na moto, com ela desligada. Então, eu me filmei gravando stories, quando vejo uma luz aparecendo, e já começo a falar: 'E aí rapaziada, motoca aqui já fico preocupado, será que vocês vão ver um assalto ao vivo?' Nisso, a moto encostou em mim e eles falaram: 'Perdeu'".

No momento da abordagem, os bandidos identificaram que o relógio da vítima era da marca Garmin, com preços acima de R$ 1.500 mil, e ainda pediram a senha do celular.

"Eu dei a senha e ele não conseguiu colocar porque estava chovendo, aí o cara achou que eu estava dando a senha errada, me ameaçou, falou que ia me dar um ‘mocão’, colocou a arma no meu peito e mandou eu parar de gracinha. Eu falei que o celular não estava passando nem música porque estava chovendo. Passei a senha para ele várias vezes, mas o celular não abriu, aí ele lançou aquela: ‘Irmão, passa o Garmin’. Os caras sabem que Garmin é Garmin", disse indignado.

Morador do bairro Maria da Graça, na Zona Norte, Pedro revelou que menosprezou a região e abaixou a guarda. "Jamais puxe o celular na rua, a culpa não é minha, mas jamais subestime o local onde você tá. Onde eu moro tem comunidade para tudo quanto é lado e ninguém quer passar perto, mas fui assaltado no Recreio", disse.
Surpresa e sensação de impotência
Ao DIA, o corredor explicou que mesmo tendo percorrido vários lugares considerados mais perigosos, nunca tinha sido roubado.
"Eu rodei vários lugares que as pessoas consideram muito perigosos, não só aqui no RJ, mas em São Paulo, Pernambuco, e aí em um bairro que é tranquilo, eu tomei esse bote, me senti indefeso e muito surpreso, porque eu não esperava. E não tinha o que fazer, eu estava sozinho na rua, eram quase 22h, estava chovendo muito ontem e foi uma surpresa muito grande", disse.

Pedro conta que mesmo vendo o “padrão” de assalto, não acreditou que fosse ser roubado. “Eu vi a moto se aproximando, eles indo, voltando, moto sem placa, duas pessoas com capacete, só que eu estava tão seguro de mim e do local que eu achei que não fosse acontecer. Foi a primeira vez, eu moro em Maria da Graça, mas vim no apartamento dos meus pais que moram no Recreio”, explicou.

Em relação a mudança de rotina, o personal relatou que ainda não sabe como vai prosseguir, mas garantiu que ficará mais atento nas ruas.

"No Rio não tem muita questão de horário para ser assaltado. A questão é estar mais atento e não baixar a guarda em lugar nenhum porque em alguns lugares eu andava com a guarda um pouco baixa, como na Zona sul, Barra e Recreio, onde a gente acaba tendo uma falsa sensação de insegurança, até mesmo na Lagoa Rodrigo de Freitas. Esses são lugares que você não espera tanto ser assaltado", disse.

Com o roubo, o influenciador teve um prejuízo estimado em R$ 8 mil. "Quando eu estou correndo em outras regiões, eu fico muito atento, eu mudo de direção, mas aqui eu vi aquele protocolo padrão e fiquei inerte porque eu achei que não fosse acontecer. Eu fiquei muito surpreso e me senti muito impotente, porque tudo aconteceu e eu acabei tendo esse prejuízo enorme", lamentou.
Segurança

Ao contar o caso nas redes sociais, moradores comentaram sobre um aumento de roubos na região do Recreio. De acordo com os últimos dados divulgados pelo Instituto de Segurança Pública (ISP), em novembro do ano passado, 109 casos de roubos a pedestres foram registrados na região do 31ºBPM (Recreio), enquanto no mesmo período de 2023 foram registrados 107. Já em relação aos roubos de celular, houve uma queda. Em 2024, foram 58 casos, e em 2023, 70.

Procurada, a Polícia Militar informou que, assim que tomou conhecimento dos fatos, o comando do 31º BPM intensificou o policiamento na região.

"O comando da unidade também trabalha em conjunto com a delegacia da área no sentido de identificar e prender os envolvidos em tais crimes. Somente este ano, o 31º BPM já prendeu mais de 1.400 criminosos em sua área de atuação", disse em nota.

A corporação reforçou ainda a importância do acionamento das equipes diante de situações flagrantes via App 190 RJ e Central 190, assim como dos registros em delegacia, que são de extrema importância para a condução dos procedimentos investigativos.
Rotina de corrida na Zona Norte
Em entrevista ao DIA, no ano passado, Pedro contou que começou a correr como hobby e também como uma maneira de fugir do trânsito e da lotação do metrô. 
Já as corridas durante a madrugada passaram a acontecer em 2020, ao longo da pandemia do covid-19.
"Durante aquela época que não podia sair de casa as coisas ficaram ruins na cabeça. Ansiedade, depressão... a corrida na madrugada, que era o único horário possível, se tornou a válvula de escape. Me acostumei a treinar neste período porque as ruas ficam vazias", comentou.
Em meados de 2023, Pedro decidiu gravar um vídeo, sem muitas pretensões, mostrando o trajeto no qual já acostumado a fazer, onde corria de Maria da Graça até o Estádio Olímpico Nilton Santos. Para sua surpresa, a postagem bombou nas redes sociais. "Eu não esperava, mas vi que a galera gostou e comecei a gravar constantemente. As coisas foram acontecendo, mais pessoas foram assistindo e eu ficava empolgado com isso. Acabou se tornando um ciclo virtuoso."
O que mais chama a atenção de seus seguidores não é apenas o horário que ele pratica as corridas, por volta das 4h30, mas, principalmente, os locais por onde ele passa. Mesmo correndo em área de risco, como entradas de comunidades consideradas perigosas, Pedro leva tudo com bom humor e disse nunca ter sentido medo.