Rio — A carnavalesca Márcia Lage, de 64 anos, morreu na manhã deste domingo (19), vítima de leucemia. A informação foi confirmada pela Mocidade Independente de Padre Miguel, que decretou a suspensão de suas atividades sociais por tempo indeterminado.
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"A Mocidade Independente de Padre Miguel informa, com profundo pesar, o falecimento da carnavalesca Márcia Lage", diz a nota publicada nas redes sociais pela agremiação. "Márcia colocou o seu talento a serviço da Mocidade por diversos carnavais."
Ela será sepultada no Cemitério e Crematório Memorial do Carmo, no Caju, Zona Norte do Rio, nesta segunda-feira (20), às 16h30. O velório está marcado para começar às 13h30.
Ao lado do marido, Renato Lage, começou a atuar como carnavalesca na Mocidade Independente de Padre Miguel, na década de 1990, ainda assinando como Márcia Lávia. Depois de deixar a Verde e Branco da Zona Oeste, o casal brilhou no Salgueiro entre 2003 e 2017.
Em carreira solo, Márcia foi responsável pelo desfile do Império Serrano, em 2009, quando a escola reeditou "A Lenda das Sereias, Rainhas do Mar", originalmente apresentado em 1976.
Ainda na escola da Serrinha, foi campeã com um enredo sobre a cantora Carmen Miranda em 2008, no Grupo de Acesso, ao lado do marido.
Em 2009, chegou a ser anunciada pela Estação Primeira para desenvolver o enredo "Mangueira é Música do Brasil" (2010), no entanto, teve divergências artísticas com a diretoria e deixou o cargo meses antes do desfile.
Em 2018, Márcia e Renato estiveram à frente do carnaval da Acadêmicos do Grande Rio. Em 2020, a dupla chegou à Portela, onde ficou até 2023, depois do desfile sobre o centenário da agremiação.
Durante a longeva parceria com o marido, Márcia costumava ser sempre "escalada" para entrevistas em jornais, sites, rádios e TVs, "livrando" Renato da missão. O casal também tinha como hábito criar figurinos e projetos de alegorias em seu escritório, na Barra da Tijuca. A rotina no barracão começava mais ao fim da tarde, quando a dupla chegava para acompanhar e "fiscalizar" a execução do trabalho dos ferreiros, aderecistas e outros profissionais.
Ex-aluna da Escola de Belas Artes da UFRJ, onde teve aulas com a carnavalesca e comentarista Maria Augusta, a artista fez, ainda, trabalhos como cenógrafa, sendo responsável pela decoração de camarotes na Sapucaí, entre eles o tradicional Rio Samba e Carnaval, do empresário Mauricio Mattos.
A última aparição da carnavalesca foi no quadro "Enredo & Samba", apresentado por Milton Cunha no "RJ1", da TV Globo, na última quarta-feira (15).
Com Renato, a profissional produzia o enredo "Voltando para o futuro – Não há limites pra sonhar", da Mocidade Independente de Padre Miguel, para o Carnaval deste ano.
Mundo do samba de luto
Personalidades do samba reagiram ao falecimento da carnavalesca. Rainha de bateria da Mocidade, Fabíola de Andrade publicou uma homenagem a ela. "Márcia Lage, sua partida deixa um vazio profundo em nossos corações, mas sua luz e legado permanecerão eternamente em nossas memórias. Que sua jornada seja de paz, e que, de alguma forma, possamos continuar a honrar sua vida com amor e gratidão. Descanse em paz", escreveu.
O intérprete da escola, Zé Paulo Sierra, também se manifestou: "Descanse em paz, Márcia. Seguiremos honrando seu trabalho e todos os dias até o desfile faremos muito mais por você. Que Deus te receba na luz e conforte nossos corações", disse.
As escolas de samba também se despediram através das redes. "Márcia Lage deixará um legado gigantesco para o carnaval carioca, por toda a sua dedicação à nossa cultura. Descanse em paz!", comentou o perfil oficial da Beija-flor. "Nossos mais profundos sentimentos a Mocidade e ao Renato Lage, em nome do presidente Fernando Horta. Descanse em Paz, Márcia!", comentou a Unidos da Tijuca. "Tristeza isso", destacou a São Clemente.
O governador Cláudio Castro também se pronunciou. "Márcia foi uma artista grandiosa e essencial para o brilhantismo do Carnaval do Rio de Janeiro, contribuindo com importantes escolas de samba. Sua criatividade e talento deixaram um legado inesquecível nos desfiles e nas nossas tradições. Seu trabalho faz parte da história cultural do nosso estado e continuará vivo nas memórias de todos que amam o Carnaval", afirmou.
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