Rio - A cuidadora de idosos Karla Cruz de Lima, de 41 anos, passou por momentos de terror ao ser feita refém por um homem em situação de rua no interior de uma agência bancária na manhã deste sábado (22), no Leblon, Zona Sul do Rio. Policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) cercaram a área, por volta das 7h, e tentaram negociar a soltura da vítima, que só foi libertada após as equipes invadirem o local. O bandido, identificado como Ismael, morreu depois de ser baleado.
Depois de quase duas horas de negociação, às 9h, o homem fez um sinal de que mataria a mulher com um caco de vidro. Nesse momento, os militares entraram no banco, no setor de caixas eletrônicos, e atiraram contra o agressor, que foi atingido por três disparos. De acordo com o tenente-coronel Ludogero Antônio, comandante do 23º BPM (Leblon), equipes do batalhão estavam em patrulhamento quando se depararam com Ismael com uma garrafa de vidro quebrada, atacando a vítima.
"Imediatamente, a equipe fez contato com o Centro de Comando e Controle e com a supervisão do batalhão. Eu, o subcomandante e os supervisores partimos para o local e iniciamos a negociação, isolamos o perímetro e acionamos o Bope. Brevemente, o Bope assumiu a negociação e posicionou as equipe e atiradores para eventual intervenção, se necessária. O criminoso a todo momento exigia a presença da imprensa e o negociador entendeu por atender. Em dado momento, ele se exaltou demais e a vítima correu risco de morte, assim os negociadores do Bope optaram por intervir. Conseguiram neutralizar o sequestrador e a vítima saiu ilesa", relatou o comandante.
Baleado na cabeça, o bandido foi encaminhado em estado grave ao Hospital Municipal Miguel Couto, na Gávea. De acordo com a direção da unidade de saúde, ele não resistiu e morreu no fim da manhã. Já Karla, que tem três filhos, não ficou ferida e prestou depoimento na 14ª DP (Leblon), que iniciou a investigação do caso. A distrital também solicitou perícia e realizou oitiva de testemunhas.
Com a morte do autor, o caso foi encaminhado à Delegacia de Homicídios da Capital (DHC), que dará continuidade à investigação.
Um vídeo obtido pelo DIA mostra o momento em que os PMs entram na agência. É possível ouvir o negociador da corporação gritando "não", enquanto outros agentes correm em direção ao bandido. São disparados cinco tiros e, cerca de dez segundos depois, a vítima sai do estabelecimento amparada por militares.
Veja o vídeo
Vídeo mostra momento em que agentes do Bope resgatam mulher feita refém por homem em situação de rua em banco no Leblon, na Zona Sul.
Por conta da ocorrência, a Avenida Ataulfo de Paiva ficou interditada na altura da Rua Almirante Guilhem. PMs e bombeiros do quartel da Gávea foram acionados para a ocorrência por volta das 7h10.
Imagens divulgadas pela Polícia Militar mostram que diversas pessoas se aglomeraram em volta da área interditada pela corporação. Por volta das 10h30, agentes 14ª DP (Leblon) chegaram no local para realizar perícia.
A Avenida Ataulfo de Paiva é uma das mais movimentadas do Leblon e conta com diversos estabelecimentos, principalmente lojas e restaurantes. O banco onde a mulher foi feita refém fica na parte externa de um shopping que estava fechado no momento da ocorrência.
A aposentada Marlene Aguiar, de 70 anos, mora em cima da agência e contou que se assustou com os tiros.
"Essa rua tem muitos usuários de droga. Tenho medo, passo até longe. Gosto muito de caminhar, vou até o Posto 4, mas tenho medo de caminhar por aqui, porque não tem ninguém andando. Todo mundo está de carro. Então como a rua está vazia, eu morro de medo. Tomei susto com os tiros, um barulho alto", explicou.
Agentes da CET-Rio auxiliaram o trânsito no trecho e o desvio foi realizado pelas ruas: Rua General San Martin x Rua Almirante Guilhem; Rua General San Martin x Avenida Bartolomeu Mitre; Avenida Bartolomeu Mitre x Rua Humberto de Campos.
Em nota, o Itaú lamentou o ocorrido e informou que a área de caixas eletrônicos ficará fechada neste sábado. No entanto, equipes do DIA encontraram diversos clientes sacando dinheiro ao lado das manchas de sangue cerca de duas horas após o ocorrido.
"O banco está prestando todo o apoio necessário para a cliente e colaborando com as autoridades policiais para a investigação do caso", comunicou a empresa.
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