Frauzenete Soares da Silva, de 51 anos, era vice-presidente da associação de moradores da comunidade PalmaresReprodução

Rio - Frauzenete Soares da Silva, vice-presidente da associação de moradores da comunidade Palmares, em Vargem Pequena, na Zona Oeste, encontrada morta em um salão de festas na segunda-feira (24), chegou a comentar que recebia ameaças de morte. A afirmação é de uma pessoa próxima à vítima, que pediu anonimato absoluto por questões de segurança.
Ao DIA, a pessoa relatou que Frauzenete, de 51 anos, teria sido assassinada por criminosos que tentam tomar lotes de terra da associação: "Ela dizia que estava sendo ameaçada de morte, porque queriam que dessem terras a eles, que pagassem pela realização de qualquer evento. Por isso, não queriam lideranças na comunidade".
"Estamos muito chateados. Nos víamos em reuniões e estávamos no mesmo lado: daqueles que querem viver em paz", completou.
Elo com policiais
A pessoa próxima a Frauzenete afirmou ainda que “o pior é saber que nada será feito”, referindo-se a uma possível ligação entre policiais e o grupo criminoso que aterroriza a região, formado por milicianos e traficantes: "Não podemos buscar a polícia porque podemos ser denunciados por gente que está lá dentro usando farda. Não podemos confiar em ninguém. Todos os moradores que têm feito denúncia são intimidados".
Além da intimidação por tomada de terras, a quadrilha também estaria praticando outros crimes na Palmares, como extorsão semanal a uma cooperativa de reciclagem que emprega moradores.
Já em comunidades vizinhas, eles cobram por serviços, como internet, água e energia elétrica, mesmo daqueles que pagam regularmente às empresas.
O velório de Frauzenete Soares da Silva está marcado para as 8h desta quinta-feira (27), no Memorial Jardim da Saudade, em Sulacap, na Zona Oeste.
Posicionamentos
Questionada sobre a atuação de milicianos e agentes de segurança em comunidades de Vargem Pequena, a Polícia Civil, que investiga a morte de Frauzenete por meio da Delegacia de Homicídios da Capital, informou apenas que investiga os grupos e monitora as atividades.
A corporação acrescentou que agentes realizam "diligências para identificar e responsabilizar criminalmente todos os envolvidos" e, em conjunto com a Polícia Militar, reprimem "práticas criminosas, garantindo o direito de ir e vir dos moradores".
Já a PM destacou que "não compactua e nem tolera quaisquer desvios de conduta, cometimento de crimes ou de abuso de autoridade praticados por seus entes, punindo com rigor os envolvidos quando constatados os fatos".
A PM informou ainda que denúncias podem ser enviadas para a ouvidoria (21 2334-6045 ou o e-mail ouvidoria_controladoria@pmerj.rj.gov.br) e a corregedoria (21 2725-9098 ou www.cintpm.rj.gov.br/). O anonimato é garantido.