O MPRJ destacou que nenhum objeto roubado foi encontrado com Igor e ThiagoArquivo / Agência O Dia

Rio – A Justiça do Rio acolheu o pedido do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e arquivou as acusações contra Igor Melo de Carvalho, influenciador do Botafogo baleado no último dia 23, e o mototaxista Thiago Marques Gonçalves. Eles foram presos depois de serem acusados injustamente de roubar o celular de Josilene da Silva Souza, mulher do PM reformado Carlos Alberto de Jesus, que os perseguiu e atirou. A análise das provas demonstra que Igor e Thiago não estavam no local do crime no momento.
Além de decidir pelo arquivamento do processo, a juíza Camila Rocha Guerin, da 29ª Vara Criminal da capital, também determinou que a moto de Thiago, apreendida na 22º DP (Penha), seja devolvida.
No pedido, a Promotoria de Justiça do MPRJ havia alegado falta de provas contra Igor - que recebeu alta no dia 2 de março - e Thiago.
O caso
Em 23 de fevereiro, um domingo à noite, Igor saiu da casa de samba onde trabalhava como garçom, na Penha, Zona Norte do Rio, e subiu na garupa de Thiago, o mototaxista que ele havia solicitado por aplicativo. Em determinado momento da viagem de volta para casa, o influenciador – que também cursa Publicidade e Propaganda na Universidade Celso Lisboa e trabalha como inspetor na própria instituição – foi atingido nas costas por Carlos Alberto.
Pela acusação de assalto que o PM e a esposa fizeram no dia seguinte contra a dupla, Igor ficou internado sob custódia no Hospital Estadual Getúlio Vargas, na Penha – onde passou por uma cirurgia e perdeu o rim direito – enquanto Thiago foi detido, em flagrante, por roubo e conduzido à 21ª DP (Bonsucesso). Somente na terça (25), a Justiça do Rio mandou soltar os dois.
Já em um depoimento posterior, o PM mudou a sua versão. Depois de ter assegurado que viu o influenciador armado na garupa da moto, o que o levou a atirar, o agente passou a afirmar que Igor teria colocado a mão próxima à cintura e feito um movimento que sugeria estar armado.
Carlos Alberto acrescentou ainda que ordenou a parada dos dois homens, mas eles não obedeceram. Josilene também modificou trechos de seu depoimento e incluiu novas informações. Ela passou a recuar da alegação de ter visto uma arma com os acusados e afirma apenas ter notado um volume na cintura de Igor, que acredita ser uma arma.
A Polícia Civil divulgou que a 22ª DP (Penha) iniciou uma nova investigação, a fim de apurar a responsabilidade do PM reformado e da esposa dele, além de possíveis crimes praticados. Os investigadores voltaram a ouvir os dois e identificaram inconsistências nas declarações.