Marcos Antônio Lacerda, de 63 anos, deixa uma filha de apenas 3 anosRede Social

Rio - "Destruíram a minha família". O desabafo é da sobrinha do policial militar da reserva Marcos Antônio Lacerda, de 63 anos, Andressa Campolino, que em depoimento ao DIA, relatou o drama da família ao socorrer o corpo do tio, ainda com vida, após ser baleado em uma oficina mecânica em Mesquita, Baixada Fluminense. O corpo do agente foi sepultado nesta sexta-feira (14) no Cemitério Jardim da Saudade do mesmo município.

O agente deixa uma filha de apenas 3 anos. "Antes de dormir, ela falou que ia falar com o pai, foi na área, olhou pro céu e o chamou, mas disse que ele não respondia. Ele [o suspeito] tirou a chance da minha pequena de viver com o pai dela, o primeiro dia dos pais na escola, a honra de conhecer esse grande homem", lamentou a sobrinha.

Muito emocionada, Andressa revelou que o PM tinha acabado de almoçar quando foi a mecânica rever o reparo da sua moto, e se desentendeu com o dono do estabelecimento sobre a garantia da bateria do aparelho. O suspeito teria empurrado a vítima no chão e atirou usando a arma do próprio agente. "Ele destruiu toda minha família, meu tio deixou uma filha pequena que não vai ter o privilégio de conhecer o homem que ele é. Ele tirou tudo de precioso que mais tínhamos", disse Andressa Campolino.

A família ainda tenta se recompor do choque de ter prestado os primeiros socorros à vítima na cena do crime, a sobrinha conta que até o momento não teve coragem de limpar o carro com manchas de sangue. Na ocasião, ela, a mulher e a irmã do agente (mãe de Andressa), tentaram salvar a vida do militar, mas foram recebidas de forma agressiva pela família do suspeito.

"Ele não agiu em legítima defesa. Meu tio não puxou a arma. Ele machucou meu tio, deu um choque, roubou a arma. Ele queria acabar com a vida do meu tio de graça, ele não queria dar garantia na moto. A vida do meu tio não vale R$120, R$300 ou R$400. O meu tio é a melhor pessoa que já passou nesta terra. Isso não pode ficar assim", desabafou.

Nas redes sociais, ex-companheiros de trabalho e até um vereador prestam as últimas homenagens ao PM. "Meu tio era uma pessoa alegre, gentil e empática. Sempre pronto a ajudar. Você pode percorrer Mesquita inteira, que não tem uma pessoa para falar mal dele. Meu tio sempre foi uma pessoa incrível, ajudava sem olhar a quem, a pessoa mais incrível que já conheci na minha vida, esse homem era o melhor homem que já passou por essa terra para morrer desse jeito, desse jeito covarde", acrescentou emocionada.

Inicialmente, a Polícia Militar havia informado que equipes do 20º BPM (Mesquita) foram acionadas para checar uma briga em um bar na Rua Amazonas, no Bairro da Coreia. No entanto, a família contesta e reforça que toda a discussão ocorreu em uma oficina.

"Destruíram a minha família e a gente quer justiça! A gente não quer manchar a imagem do meu tio dizendo que ele estava em bar, porque meu tio bebia em casa, No terraço dele. Ele não ficava na rua, ficava dentro de casa com a família dele, porque não existe pessoa mais família do que meu tio. Não existe", frisou.

Em nota, a corporação disse ainda que o agente chegou a ser socorrido ao Hospital Geral de Nova Iguaçu. No local, um suspeito foi detido e a ocorrência apresentada na 53ª DP (Mesquita). Apesar disso, a família alega que o real autor do crime fugiu.

Procurada, a Polícia Civil informou que testemunhas foram ouvidas e diligências estão em andamento para apurar os fatos.
*Reportagem do estagiário Vinícius Luiz com colaboração da repórter Ana Fernanda Freire