O corpo do frentista Paulo Santos foi sepultado nesta segunda (9), no Cemitério de InhaúmaLuiz Maurício Monteiro/Agência O Dia

Rio – O frentista Paulo Barbosa dos Santos, morto em explosão em um posto de combustíveis no Centro na madrugada de sábado (7), foi sepultado na tarde desta segunda-feira (9), no Cemitério de Inhaúma, na Zona Norte. Estiveram presentes colegas de trabalho, amigos e familiares. O sobrinho Valmir da Silva, inclusive, revelou o sonho do tio, de 60 anos, que faleceu trabalhando: a aposentadoria.
Veja o vídeo da explosão:
Segundo Valmir, Paulo fazia planos de parar de trabalhar para ter mais tempo para o filho Rafael, que passou mal durante o velório e precisou ser levado a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA). "Faltava pouco para o tio Paulo se aposentar, então ele fazia planos para passar um tempo maior com o filho, com a netinha. Dizia que queria se aposentar para aproveitar mais o filho. Eles eram unha e carne. Era o sonho dele se aposentar por isso”, ressaltou o sobrinho, de 39 anos, ao DIA.
Um dos oito irmãos de Paulo, Manoel dos Santos, de 66 anos, confirmou que o frentista contava os dias para deixar de trabalhar: "Em, no máximo, dois anos, ele já poderia dar entrada no pedido de aposentadoria. Ele não queria mais trabalhar, a verdade é essa".
Manoel lembrou do convívio com o irmão, de quem residia a poucos metros, no bairro de Ramos, também na Zona Norte: "Os irmãos moram próximos uns dos outros, então estávamos juntos todo os dias praticamente".
Já o sobrinho Valmir recordou o jeito discreto do tio, o que não o impedia de ser querido pela família: “Ele era reservado, mas era uma pessoa amada por todo mundo. Antes de trabalhar, gostava de ficar sentado em uma escada ao lado da porta de casa e cumprimentava a todos”.
O irmão de Paulo também enfatizou que já tinha ouvido do frentista um medo de que uma explosão no posto pudesse acontecer: “Ele nunca falou comigo, mas eu já ouvi comentários. Ele tinha esse medo. Agora estamos muito tristes”.
Sobre o filho de Paulo, Valmir detalhou o momento em que Rafael sentiu um mal-estar durante o velório: “O Rafael, filho único do tio Paulo, dizia que o pai era o herói dele, o melhor amigo. Ele estava aqui na capela, mas na hora das orações, se emocionou muito. Parecia estar bem, mas de repente começou a passar mal, disse que estava sentindo o braço muito dormente. Então levaram ele a uma UPA para ser medicado”.
Informação equivocada
Pouco antes do sepultamento, Manoel fez um desabafo sobre inverdades que teriam circulado sobre o estado de saúde do irmão. Ele afirmou que foi um dos primeiros a chegar ao posto e pode notar a gravidade da situação.
“Chegamos ao local em quinze minutos, ele ainda estava lá, dentro da ambulância. Depois fomos juntos para o Hospital Souza Aguiar. Vimos ele entrar e depois não vimos mais. As notícias sobre a saúde dele iam chegando, por meio dos enfermeiros", disse o irmão do frentista. “Uma determinada emissora de TV noticiou que ele tinha sofrido apenas um ferimento no braço, que estava sendo atendido pelos médicos. Mas a gravidade era muito maior", completou.
Investigações
Além de Paulo dos Santos, também morreu na explosão Guaraci Pereira R. Costa, de 64 anos, motorista do carro que explodiu enquanto era abastecido com Gás Natural Veicular (GNV). Ele chegou a ser socorrido e levado ao Hospital Municipal Souza Aguiar, mas não resistiu.
A Polícia Civil informou que o caso é investigado pela 5ª DP (Mem de Sá).As equipes já realizaram perícia no local, ouviram testemunhas e realizam outras diligências para apurar as circunstâncias do ocorrido.
Ao DIA, a vice-presidente do Sinospetro-RJ, Aparecida Evaristo, lamentou o acidente e falou sobre a importância de manter a inspeção do cilindro de GNV em dia. "Geralmente, o acidente ocorre porque o cilindro está em más condições. O risco ainda é maior quando a instalação é feita em oficinas clandestinas. O estado do Rio de Janeiro tem uma frota de mais de um milhão e meio de veículos movidos à GNV. Desse total, cerca de 900 mil circulam irregularmente e mais de 270 mil nunca passaram por qualquer tipo de inspeção" afirmou.
A Ipiranga, dona do posto em que ocorreu a explosão, informou que as causas do acidente estão sendo apuradas. "A empresa se solidariza com as famílias das vítimas e ressalta que a segurança é primordial em toda cadeia do seu negócio e está à disposição de seu cliente revendedor para apoiar no que for necessário", informou a empresa por meio de nota.